Igreja Católica da Bolívia diz que era 'surda' para vítimas de abuso sexual
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Por Monica Machicao e Brendan O'Boyle
LA PAZ (Reuters) - Os líderes da Igreja Católica Romana da Bolívia disseram nesta quarta-feira que a instituição foi “surda” ao abuso sexual em escolas administradas pela Igreja e afirmaram que tomariam medidas após uma série de acusações nas últimas semanas motivarem protestos e uma investigação legal.
As acusações foram desencadeadas pela publicação do diário de um padre jesuíta falecido em abril pelo jornal espanhol El País, que continha várias confissões de abuso sexual conta crianças nas escolas que ele administrava na Bolívia. Alegou que autoridades da Igreja sabiam dos abusos, mas não fizeram nada.
Desde abril, cerca de 200 pessoas vieram a público dizendo que sofreram abusos em escolas religiosas no país.
Escândalos de abuso ao redor do planeta destruíram a reputação da Igreja e têm sido um grande desafio para o Papa Francisco, que passou uma série de medidas nos últimos dez anos com o objetivo de responsabilizar mais a hierarquia da Igreja, com resultados mistos.
Em seu comunicado na quarta-feira, os bispos católicos da Bolívia reconheceram que “como Igreja… nós certamente participamos, direta ou indiretamente, da profunda dor infligida a pessoas inocentes que foram vítimas de abuso sexual ou da maneira insuficiente com que a situação foi tratada”.
Os bispos disseram que organizariam duas comissões para investigar o abuso e ajudar as vítimas que, em vez de receber proteção, “se viram com uma Igreja surda ao seu sofrimento”.
Ainda neste mês, o presidente Luis Arce escreveu uma carta ao Papa Francisco pedindo acesso a documentos relacionados às acusações de abuso sexual de padres católicos na Bolívia.
O procurador-geral do país também está investigando várias acusações de abuso.
(Reportagem de Monica Machicao; Reportagem adicional de Brendan O’Boyle)
Escrito por Reuters