Importação brasileira de gasolina mais que dobra até junho por vantagem sobre etanol
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Por Marta Nogueira
RIO DE JANEIRO (Reuters) - A importação de gasolina pelo Brasil no primeiro semestre subiu 112% versus o mesmo período de 2022, para 2,45 bilhões de litros, diante de forte demanda interna impulsionada por uma vantagem competitiva do combustível fóssil frente ao etanol hidratado nos postos, segundo dados oficiais e avaliação de analista.
Em junho, as compras externas de gasolina pelo país somaram 441 milhões de litros, uma alta de 192% na comparação com o mesmo mês do ano passado, de acordo com dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) publicados nesta sexta-feira.
As fortes importações sinalizam que a estatal Petrobras e outros refinadores privados, como a Acelen, não estão conseguindo suprir todo o crescimento da demanda, em momento em que o combustível fóssil está mais competitivo que o etanol hidratado. Historicamente, a capacidade brasileira de produção de gasolina é inferior ao consumo, algo acentuado agora diante da baixa competitividade do combustível renovável.
As vendas de gasolina C (com mistura de etanol anidro) pelas distribuidoras dispararam 16,3% entre janeiro e maio, para 19,29 bilhões de litros, registrando avanço para 4,17 bilhões de litros em maio, versus 3,4 bilhões no mesmo mês do ano passado, segundo os dados mais recentes da reguladora ANP.
'A aceleração do consumo do combustível está relacionada à competitividade da gasolina C frente ao etanol hidratado, com a paridade de preços entre os dois produtos operando acima de 70% no Estado de São Paulo entre outubro/22 e junho/23...' disse o analista de Energia da StoneX, Bruno Cordeiro, à Reuters.
Essa paridade desfavorável para etanol no principal Estado produtor e consumidor do Brasil -- em momento em que usinas de cana destinam o quanto podem de cana para a produção de açúcar, que está mais rentável do que o biocombustível -- também favorece as importações de gasolina, notou Cordeiro.
Entre janeiro e maio, as vendas de etanol hidratado registraram queda de 10,62%, alcançando 5,73 bilhões de litros.
Cordeiro explicou que a vantagem da gasolina frente ao etanol ocorre após cortes de preços nas refinarias da Petrobras desde a metade do ano passado, além da situação do mercado de etanol, que operou com uma oferta abaixo do normal em anos recentes.
O analista ponderou que, no início deste mês, o etanol hidratado começou a ganhar competitividade frente à gasolina C no Estado de São Paulo. No entanto, pontuou que um aumento do ICMS para o etanol no Estado -- de 9,5% para 12% -- e o recente reajuste negativo dos preços da gasolina A pela Petrobras pode reverter esse cenário nas próximas semanas, mantendo o incentivo ao consumo do fóssil frente ao biocombustível.
Procurada, a Petrobras, que detém o maior parque de refino do Brasil, não comentou o assunto.
(Por Marta Nogueira)
Escrito por Reuters
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