Irã promete vingança após maior ataque desde revolução de 1979
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Por Parisa Hafezi e Elwely Elwelly
DUBAI (Reuters) - A elite da Guarda Revolucionária do Irã e o primeiro vice-presidente, Mohammad Mokhber, prometeram vingança na quinta-feira pelas explosões que mataram quase 100 pessoas em uma cerimônia para homenagear o comandante Qassem Soleimani, que foi morto por um drone dos EUA em 2020 no Iraque.
'Uma retaliação muito forte será entregue a eles pelas mãos dos soldados de Soleimani', disse Mokhber a repórteres em um hospital onde alguns dos feridos estavam recebendo tratamento após o ataque mais sangrento desde a Revolução Islâmica de 1979.
Ninguém reivindicou a responsabilidade pelas explosões. Uma autoridade graduada do governo do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, disse que as explosões pareciam representar 'um ataque terrorista' do tipo realizado no passado por militantes do Estado Islâmico.
A mídia estatal disse que houve relatos de tiroteios na cidade de Kerman, no sudeste do país, na quinta-feira, sem fornecer detalhes.
Em uma declaração, o Corpo da Guarda Revolucionária Islâmica do Irã descreveu o ataque de quarta-feira como um ato covarde 'com o objetivo de criar insegurança e buscar vingança contra o profundo amor e devoção da nação à República Islâmica'.
A poderosa corporação também disse que o ataque 'fortalece a determinação de punir os perpetradores de forma decisiva e justa'.
O presidente do Irã, Ebrahim Raisi, condenou o 'crime hediondo e desumano', e a autoridade máxima do Irã, o líder supremo aitolá Khamenei, prometeu vingança pelos atentados.
Os socorristas do Crescente Vermelho do Irã cuidaram dos feridos no ataque à cerimônia, onde centenas de iranianos se reuniram para marcar o aniversário da morte de Soleimani.
ATAQUES ANTERIORES
Teerã frequentemente acusa seus arqui-inimigos, Israel e Estados Unidos, de apoiarem grupos militantes contrários ao Irã.
Em 2022, o grupo militante muçulmano sunita Estado Islâmico reivindicou a responsabilidade por um ataque mortal a um santuário xiita no Irã, que matou 15 pessoas.
Ataques anteriores reivindicados pelo grupo incluem dois atentados a bomba em 2017 que tiveram como alvo o Parlamento do Irã e o túmulo do fundador da República Islâmica, o aiatolá Ruhollah Khomeini.
Militantes de Baluchi e separatistas de etnia árabe também realizaram ataques no Irã.
O assassinato de Soleimani pelos EUA em 3 de janeiro de 2020, em um ataque de drone no aeroporto de Bagdá, e a retaliação de Teerã -- atacando duas bases militares iraquianas que abrigam tropas norte-americanas -- aproximaram os Estados Unidos e o Irã de um conflito total.
Como comandante-chefe da força de elite Quds, o braço estrangeiro da Guarda Revolucionária do Irã, Soleimani comandou operações clandestinas no exterior e foi uma figura-chave na campanha de longa data do Irã para expulsar as forças dos EUA do Oriente Médio.
As tensões entre o Irã e Israel, juntamente com seu aliado, os Estados Unidos, atingiram um novo pico devido à guerra de Israel contra os militantes do Hamas apoiados pelo Irã em Gaza, em retaliação ao ataque de 7 de outubro no sul de Israel.
A milícia Houthi do Iêmen, apoiada pelo Irã, atacou navios que, segundo eles, têm ligações com Israel na entrada do Mar Vermelho, uma das rotas de navegação mais movimentadas do mundo.
As forças dos EUA foram atacadas por militantes apoiados pelo Irã no Iraque e na Síria por causa do apoio de Washington a Israel e realizaram seus próprios ataques aéreos de retaliação.
Escrito por Reuters
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