Israel vai gradualmente abandonar uso de campo de detenção militar
Publicada em
JERUSALÉM (Reuters) - Israel diz estar eliminando gradualmente o uso de um campo de detenção administrado por militares para palestinos capturados durante a guerra de Gaza, onde grupos de direitos humanos afirmam que houve abuso de detentos, disseram autoridades judiciais nesta quarta-feira.
Os advogados do Estado disseram à Suprema Corte que os presos mantidos no local de Sde Teiman, aberto após o ataque do Hamas em 7 de outubro ao sul de Israel, seriam transportados aos poucos para instalações de detenção permanentes.
Segundo os advogados, as transferências já começaram e a maioria dos prisioneiros será realocada dentro de algumas semanas. Isso deve permitir que as condições melhorem nesse meio tempo, afirmaram.
A Associação pelos Direitos Civis em Israel (Acri), que entrou com uma petição para o fechamento de Sde Teiman, foi um dos vários grupos que exigiram o fim do centro de detenção na antiga base do Exército.
Em uma declaração em abril, a Acri citou relatos de detentos liberados do local de que eram mantidos de joelhos em gaiolas lotadas, algemados a qualquer hora do dia, vendados e submetidos a uma variedade de tratamentos humilhantes, em flagrante violação das obrigações legais com os detentos.
Desde o início da guerra, Israel vem sofrendo crescente pressão internacional sobre o tratamento dado a milhares de palestinos detidos em Gaza e na Cisjordânia ocupada.
A UNRWA, principal agência de assistência das Nações Unidas para os palestinos, disse em um relatório de abril ter recebido vários relatos sobre maus-tratos, incluindo espancamentos, intimidação e assédio.
O Exército israelense abriu investigações sobre as alegações de abuso e sobre os relatos de que até 27 prisioneiros morreram na detenção.
'As investigações ainda estão em andamento e, portanto, não faremos mais comentários neste momento', disse um porta-voz militar nesta quarta-feira.
Qadoura Fares, presidente da Comissão Palestina de Assuntos de Detentos e Ex-Detentos, disse que houve 'testemunhos horríveis' de ex-detentos descrevendo abusos em Sde Teiman e em outros locais e exigiu um inquérito internacional.
'Israel não deve investigar a si mesmo. Um órgão internacional imparcial deve cuidar da investigação, com peritos, juízes e especialistas', defendeu.
As Forças Armadas de Israel afirmaram que também investigam as mortes de palestinos capturados durante a guerra de Gaza.
(Reportagem de Dan Williams, Ari Rabinovitch e James Mackenzie)
Escrito por Reuters
SALA DE BATE PAPO