Jovens assintomáticos podem explicar persistência do coronavírus, sugere estudo japonês
O grupo etário parece estar se deslocando mais em meio à pandemia e, por comumente apresentar uma evolução mais leve da doença, não perceber que está contribuindo para a disseminação do vírus
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Um estudo recente realizado no Japão reforçou o alerta para a relevância do papel que pessoas assintomáticas têm desempenhado na disseminação do novo coronavírus, especialmente os jovens. Depois de analisar mais de 3 mil casos de Covid-19 no país, a pesquisa publicada no Emerging Infectious Diseases Journal – revista acadêmica veiculada pelo Centro de Controle de Prevenção de Doenças Infecciosas (CDC) dos Estados Unidos –, mostrou que esse grupo estava na origem de uma série de surtos.
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Metade das 22 pessoas que foram apontadas no estudo como possivelmente originárias dos surtos na região tinha entre 20 e 30 anos. Em entrevista à empresa de comunicação alemã Deutsche Welle, a pesquisadora de virologia Yuki Furuse, da Universidade de Kyoto, disse que a descoberta foi surpreendente, já que a maioria dos casos da doença registrados no Japão à época da análise era de pessoas com mais de 50 ou 60 anos.
Oshitani disse que ainda não é certo se os responsáveis pela disseminação do vírus entre grupos de jovens ou idosos são fatores sociais, genéticos ou biológicos. Entre as hipóteses, destacam-se duas: pessoas mais jovens estão se deslocando mais por considerarem que o risco da doença é menor para o grupo ou, por apresentarem uma evolução mais leve da doença, não se dão conta de que estão espalhando o vírus.
Os resultados da pesquisa podem ajudar a explicar os motivos pelos quais o coronavírus está reaparecendo em locais onde parecia ter sido eliminado, comumente em forma de surtos envolvendo grupos reduzidos e localizados de pessoas contaminadas por um único infectado. Esse cenário já foi observado em cidades como Melbourne, na Austrália; Leicester, no Reino Unido; e Pequim, na China.
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