Kamala mira em Trump no aniversário da decisão sobre o direito ao aborto
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Por Nandita Bose
WASHINGTON (Reuters) - A campanha do presidente norte-americano, Joe Biden, está usando o segundo aniversário da decisão da Suprema Corte que anulou o direito ao aborto nesta segunda-feira para destacar o papel de Donald Trump na decisão, uma questão que os democratas acreditam que será fundamental na eleição deste ano.
Tanto a vice-presidente Kamala Harris quanto a primeira-dama Jill Biden discursam nesta segunda-feira, na esperança de mobilizar voluntários e eleitores em torno da proteção do que restou do acesso ao aborto no país.
'Donald Trump é a única pessoa responsável por esse pesadelo', disse Biden em um comunicado nesta segunda-feira.
Ele disse que a reversão, há dois anos, da decisão histórica Roe v Wade de 1973, que deu proteção constitucional ao direito ao aborto, foi 'devastadora'.
'Esta é uma luta pela liberdade: a liberdade fundamental de uma mulher de tomar decisões sobre seu próprio corpo e não ter seu governo dizendo a ela o que fazer', disse Kamala Harris em um comício em Maryland.
Trump nomeou três juízes conservadores para a Suprema Corte durante seu mandato na Presidência de 2017 a 2021, o que levou a uma mudança no equilíbrio da Suprema Corte que provocou a decisão sobre o aborto em 2022.
Desde a decisão de 2022, mais de 20 Estados liderados por republicanos impuseram restrições.
O acesso ao aborto agora é quase inexistente nos Estados do sul, forçando dezenas de milhares de mulheres a cruzar as fronteiras estaduais para fazer abortos e provocando um aumento no aborto medicamentoso.
A impopularidade da decisão, mesmo em alguns Estados conservadores, tornou-a um passivo político para os republicanos durante as eleições de meio de mandato em 2022.
A equipe de Biden acredita que a questão pode influenciar a eleição apertada de 5 de novembro a seu favor. Ele se concentrará na aprovação de uma lei que restaure os direitos de Roe v Wade se for eleito para um segundo mandato, disse a presidente do conselho de política de gênero da Casa Branca, Jennifer Klein, a repórteres nesta segunda-feira.
Em abril, Trump disse que as leis sobre aborto devem ser definidas por cada Estado dos EUA, afastando-se da proibição nacional do aborto que os grupos antiaborto e alguns segmentos do Partido Republicano têm defendido.
No sábado, Trump discursou para uma multidão de eleitores evangélicos na Coalizão Fé e Liberdade, em Washington. 'Também conseguimos o que o movimento pró-vida lutou por 49 anos, e tiramos o aborto do governo federal e o devolvemos aos Estados', disse ele.
Alguns parlamentares republicanos apresentaram uma resolução no Congresso dos EUA comemorando a decisão de 2022, embora seja improvável que ela seja votada em um Senado controlado pelos democratas.
Carol Tobias, presidente do Movimento Nacional pelo Direito à Vida, disse que alguns Estados liderados pelos democratas permitiam 'tragicamente' serviços de aborto para mulheres de outros Estados.
'GREVES DE MULHERES'
Grupos de direitos das mulheres estavam planejando 'greves de mulheres' em dezenas de cidades dos EUA nesta segunda-feira para marcar o aniversário, pedindo às mulheres que não fossem trabalhar ou gastar dinheiro, e que, em vez disso, usassem vermelho e protestassem.
Jill Biden viajaria para Pittsburgh e Lancaster, Pensilvânia, uma cidade que Trump venceu por 15 pontos na eleição de 2020, quando perdeu a Presidência para Biden.
Kamala faz campanha em Maryland e no Arizona -- um dos Estados decisivos para a eleição presidencial -- nesta segunda-feira. Ambos têm disputas competitivas no Senado em novembro.
Do outro lado da divisão, ativistas antiaborto viajaram para Washington no fim de semana para comemorar a decisão da Suprema Corte.
Há quatro anos, Biden raramente mencionava o direito ao aborto em sua campanha eleitoral, temendo que a questão pudesse afastar os eleitores moderados.
Agora é um pilar fundamental de sua candidatura à reeleição.
Biden e Trump permanecem empatados nas pesquisas nacionais faltando menos de cinco meses para a eleição, enquanto Trump tem uma leve vantagem nos Estados que a decidirão, conforme mostram pesquisas realizadas após a condenação criminal de Trump.
Em questões econômicas como a inflação, Trump tem uma pontuação mais alta entre os eleitores em geral do que Biden.
Mas as pesquisas e os resultados de iniciativas eleitorais estaduais mostraram que uma grande maioria dos eleitores rejeita proibições rígidas ao aborto. Biden e Trump debaterão em 27 de junho pela primeira vez neste ciclo de campanha eleitoral. Biden, que está em Camp David se preparando para o debate, não fará campanha nesta segunda-feira.
Escrito por Reuters
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