Leitos de UTI de São Paulo podem estar lotados entre maio e julho, diz secretário
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SÃO PAULO (Reuters) - Os leitos das unidades de terapia intensiva (UTI) do Estado de São Paulo podem atingir sua lotação no final de maio ou no final de julho por causa da pandemia de Covid-19, doença respiratória provocada pelo coronavírus, disse nesta quarta-feira o secretário estadual de Saúde, José Henrique Germann.
'Se nós mantivermos esse grau que temos de isolamento social, de distanciamento social, nós podemos inferir que provavelmente teremos uma lotação dos leitos de UTI a partir do mês de maio. Isso, após os novos leitos que ainda temos para colocar, seria pro final de julho', disse Germann em entrevista coletiva no Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista.
'Nós temos duas reservas de leitos, vamos chamar assim, uma que deve se esgotar, ou lotar, até o final de maio, e a outra até o final de julho', acrescentou.
De acordo com dados de um sistema de monitoramento montado pelo governo paulista, comandado por João Doria (PSDB), e que usa dados das operadoras de telefonia celular, o grau de adesão da população ao isolamento social está na casa de 50%.
De acordo com o infectologista David Uip, que presidente o Centro de Contingência do Coronavírus em São Paulo, o índice ideal de isolamento para dar tempo para o sistema de saúde se preparar para o pico da doença é de 70%.
Na coletiva desta quarta, Uip disse que o índice de isolamento de 50% é 'bom' e que é preciso considerar que trabalhadores de setores essenciais, como os da área de saúde, precisam continuar se movimentando para cumprir suas funções. Ele reiterou, ao mesmo tempo, que o ideal é que este índice suba e que o ideal é 70% de adesão.
Na semana passada, Doria chegou a ameaçar adotar medidas mais duras de restrição à circulação caso o isolamento social no feriado da Páscoa não ultrapassasse a casa dos 60%. Ele chegou a 59% no domingo e, nesta quarta, Doria disse que eventuais novas medidas podem ser tomadas quando vencer o atual decreto de quarentena na próxima quarta.
O governo estadual e prefeituras paulistas têm trabalhado na montagem de hospitais de campanha para aumentar a oferta de leitos, principalmemte de baixa e média complexidade com o objetivo de desafogar leitos de UTI de alta complexidade em hospitais e permitir que eles sejam usados no tratamento de pacientes com Covid-19.
Diante da possibilidade de demissão iminente do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, pelo presidente Jair Bolsonaro, Doria afirmou, também na coletiva, que será 'um desastre' se isso ocorrer. O governador paulista, que se tornou inimigo político do presidente, elogiou o ministro, e foi seguido por Uip e Germann.
Doria também classificou de 'guerreiro' o secretário de Vigilância em Saúde da pasta, Wanderson de Oliveira, que pediu demissão do cargo nesta quarta.
Segundo dados do Ministério da Saúde, existem 25.262 casos de Covid-19 no país --9.371 só no Estado de São Paulo, que é o epicentro da pandemia no Brasil-- com 1.532 mortes confirmadas pela doença --695 delas em solo paulista.
(Por Eduardo Simões)
Escrito por Reuters
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