Líder do Irã pede libertação de manifestantes inocentes e desarmados
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DUBAI (Reuters) - O presidente do Irã, Hassan Rouhani, pediu nesta quarta-feira a libertação de toda e qualquer pessoa inocente e desarmada que tenha sido detida durante os protestos contra os aumentos de preço da gasolina após duas semanas de confrontos violentos.
Os tumultos, que começaram em 15 de novembro depois que o governo elevou abruptamente os preços dos combustíveis em até 300%, se espalharam por mais de 100 cidades grandes e pequenas, e assumiram um viés político quando manifestantes jovens e da classe trabalhadora exigiram a saída dos líderes clericais.
'A clemência religiosa e islâmica deveria ser demonstrada, e as pessoas inocentes que protestaram contra os aumentos dos preços dos combustíveis e não estavam armadas... deveriam ser libertadas', disse Rouhani em um discurso televisionado.
Os governantes clericais do Irã culparam 'bandidos' ligados a seus oponentes exilados e seus principais inimigos estrangeiros – os Estados Unidos, Israel e a Arábia Saudita.
'O objetivo de nossos inimigos era ameaçar a existência da República Islâmica desencadeando revoltas no Irã... mas a América e o regime sionista (Israel) carecem de sabedoria política a respeito do Irã e dos iranianos', disse o comandante-chefe da Guarda Revolucionária de elite, Hossein Salami, em um discurso televisionado.
Teerã não informou um saldo de mortes oficial, mas na segunda-feira a Anistia Internacional disse ter documentado as mortes de ao menos 208 manifestantes, o que tornou os protestos os mais sangrentos desde a revolta de 1979 que levou os clérigos xiitas ao poder.
Na semana passada, um parlamentar disse que cerca de 7 mil manifestantes foram presos. O Judiciário refutou as cifras.
Ainda na semana passada, o Ministério da Inteligência disse que ao menos oito pessoas ligadas à Agência Central de Inteligência dos EUA (CIA) foram presas durante os tumultos, que foram contidos por uma operação de segurança repressiva.
A luta dos iranianos comuns para pagar as contas se tornou mais difícil desde o ano passado, quando o presidente norte-americano, Donald Trump, retirou seu país do acordo nuclear de Teerã com seis potências mundiais e reativou sanções que prejudicam ainda mais a economia iraniana dependente do petróleo.
'Se a América suspender as sanções, estamos dispostos a conversar e negociar, até no nível dos líderes dos países 5+1 (grandes potências)', disse Rouhani.
Em reação à 'pressão máxima' de Washington, o Irã vem revertendo gradualmente seus compromissos nucleares e ameaçou um distanciamento ainda maior do pacto se os europeus não blindarem sua economia das punições dos EUA.
Escrito por Reuters
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