Líderes da UE prometem aumento de gastos com defesa e apoiam Zelenskiy após congelamento de ajuda dos EUA
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Por Bart H. Meijer e Andrew Gray
BRUXELAS (Reuters) - Os líderes europeus disseram nesta quinta-feira que apoiam a Ucrânia e gastarão mais em defesa em um mundo abalado pela reversão das políticas dos Estados Unidos realizadas pelo presidente norte-americano, Donald Trump.
'A Europa deve enfrentar esse desafio, essa corrida armamentista. E deve vencê-la', disse o primeiro-ministro da Polônia, Donald Tusk, ao chegar à cúpula em Bruxelas.
'A Europa como um todo é realmente capaz de vencer qualquer confronto militar, financeiro e econômico com a Rússia -- somos simplesmente mais fortes', disse Tusk.
Muitos líderes da UE elogiaram as propostas da Comissão Europeia nesta semana para dar a eles flexibilidade fiscal nos gastos com defesa e para emprestar conjuntamente até 150 bilhões de euros (US$160 bilhões) para os governos da UE gastarem em suas Forças Armadas.
'Estamos aqui para defender a Ucrânia', disse o presidente da reunião, António Costa, enquanto ele e a chefe da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, ambos com um largo sorriso, recebiam calorosamente o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelenskiy, em nítido contraste com o confronto entre Trump e Zelenskiy no Salão Oval da Casa Branca na semana passada.
Mas décadas de dependência da proteção dos EUA, divergências sobre financiamento e sobre como a dissuasão nuclear da França poderia ser usada para a Europa mostraram como seria difícil para a UE preencher o vazio deixado por Washington após o congelamento da ajuda militar à Ucrânia.
Washington forneceu mais de 40% da ajuda militar à Ucrânia no ano passado, de acordo com a aliança militar ocidental Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), parte da qual a Europa não poderia substituir facilmente. Alguns líderes ainda tinham esperança, pelo menos em público, de que Washington poderia ser persuadido a voltar ao grupo.
'Devemos assegurar, com cabeça fria e sensata, que o apoio dos EUA também seja garantido nos próximos meses e anos, porque a Ucrânia também depende do apoio deles para sua defesa', disse o chanceler da Alemanha, Olaf Scholz, que está deixando o cargo.
Além das dificuldades da UE, o líder nacionalista da Hungria, Viktor Orban, aliado de Trump, pode vetar uma declaração unânime de apoio a Kiev, embora tenha deixado claro que apoiaria medidas para aumentar os gastos com a defesa da própria Europa.
DISSUASÃO NUCLEAR?
A cúpula de Bruxelas ocorre em um cenário de decisões dramáticas sobre a política de defesa, motivadas pelo temor de que a Rússia, encorajada por sua guerra na Ucrânia, possa atacar um país da UE em seguida e que a Europa não possa contar com a ajuda dos EUA.
'Quero acreditar que os Estados Unidos estarão ao nosso lado. Mas temos que estar prontos se esse não for o caso', disse o presidente da França, Emmanuel Macron, em um discurso à nação francesa na véspera da cúpula.
Ele enfatizou que a Rússia se tornou uma ameaça para toda a Europa, observações que atraíram fortes críticas de Moscou.
Em um sinal da gravidade do momento, Macron disse que a França está aberta a discutir a extensão da proteção oferecida por seu arsenal nuclear a seus parceiros europeus.
Isso foi recebido com uma reação mista. Alguns, como o presidente da Lituânia, Gitanas Nauseda, disseram que esse 'guarda-chuva nuclear serviria como uma dissuasão realmente muito séria em relação à Rússia'. A Polônia disse que valia a pena discutir a ideia, enquanto outros, como a Alemanha, enfatizaram a necessidade de manter os EUA envolvidos.
Trump disse que a Europa deve assumir mais responsabilidade por sua segurança e que os EUA não protegeriam um aliado da Otan que não gastasse o suficiente em defesa.
Sua decisão de mudar do apoio firme dos EUA à Ucrânia para uma postura mais conciliatória em relação a Moscou alarmou profundamente os europeus que veem a Rússia como a maior ameaça.
Sublinhando o nível de preocupação, os partidos que pretendem formar o próximo governo da Alemanha concordaram, na terça-feira, em suspender os limites constitucionais de empréstimos para financiar os gastos com defesa.
(Reportagem adicional de Lili Bayer, Tiffany Vermeylen, Jason Hovet, Alan Charlish, Charlotte Van Campenhout, Makini Brice, Dominique Vidalon e Michel Rose)
Escrito por Reuters