Líderes mundiais condenam em conferência de Jerusalém crescente antissemitismo
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Por Jeffrey Heller
JERUSALÉM (Reuters) - Líderes mundiais manifestaram nesta quinta-feira alarme contra o ressurgimento do antissemitismo, durante reunião no Memorial do Holocausto de Israel para marcar o 75º aniversário da liberação do campo de extermínio nazista de Auschwitz.
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, e o vice-presidente dos Estados Unidos, Mike Pence, também criticaram o Irã em seus discursos no Fórum Mundial do Holocausto, acusando-o de antissemitismo raivoso e de buscar a destruição de Israel.
Já os líderes da Rússia e da França lamentaram a morte de seis milhões de judeus na Europa durante a Segunda Guerra Mundial pelos nazistas e prometeram combater o crescente antissemitismo.
O presidente alemão, Frank-Walter Steinmeier, disse na conferência no centro memorial de Yad Vashem que abaixou a cabeça na 'mais profunda tristeza (pelo) pior crime da história da humanidade' cometido por seus compatriotas.
'Gostaria de poder dizer que nós, alemães, aprendemos com a história de uma vez por todas. Mas não posso dizer isso quando o ódio está se espalhando', afirmou ele.
Steinmeier falou em inglês, e não em alemão, uma escolha feita, segundo seu gabinete, para evitar causar desconforto aos sobreviventes do Holocausto na plateia.
O presidente russo, Vladimir Putin, disse ser vital se opor à xenofobia e ao antissemitismo em todos os lugares.
'Você acabou de dizer que não se sabe onde termina o antissemitismo', disse Putin ao presidente israelense, Reuven Rivlin, em encontro antes da reunião.
'Infelizmente sabemos disso, Auschwitz é o resultado final.'
Putin mais tarde se reuniu com o presidente palestino, Mahmoud Abbas, na Cisjordânia ocupada. Em declarações aos repórteres, Abbas disse que ele e Putin precisavam discutir 'questões regionais', incluindo o tão esperado plano de paz do Oriente Médio do presidente dos EUA, Donald Trump, e as propostas israelenses de 'anexar terras palestinas'.
Uma pesquisa global realizada pela Liga Antidifamação dos EUA em novembro constatou que as atitudes antissemitas globais aumentaram, e significativamente na Europa Central e Oriental. Mostrou ainda que grandes porcentagens de pessoas em muitos países europeus pensam que os judeus falam demais sobre o Holocausto.
Mais de um milhão de pessoas, a maioria judias, foram mortas no campo de Auschwitz-Birkenau na Polônia ocupada pelos nazistas. Israel saudou a conferência, com a participação de mais de 40 líderes mundiais, como o maior encontro internacional em sua história.
IRÃ CRITICADO
Em seu discurso no fórum, Netanyahu denunciou o Irã como o 'regime mais antissemita do planeta' e prometeu que Israel sempre se defenderá contra os que tentam destruir o país.
Netanyahu há muito tempo acusa o Irã de buscar armas nucleares, alegação negada pelos iranianos.
Pence descreveu o Irã como o único país 'que nega o Holocausto como uma questão de política estatal e ameaça varrer Israel do mapa'. Após a conferência, ele visitou com Netanyahu o Muro das Lamentações, local sagrado para o judaísmo, em Jerusalém.
Outros convidados da celebração incluíram o presidente francês, Emmanuel Macron, e o príncipe britânico Charles.
Um ausente notável foi o presidente Andrzej Duda, da Polônia, que recusou o convite porque não tinha permissão para falar na conferência, ao contrário dos vencedores da guerra, --Estados Unidos, Rússia, Reino Unido e França-- ou até mesmo a Alemanha.
(Reportagem adicional de Justyna Pawlak em Varsóvia, Darya Korsunskaya em Jerusalém e Sabine Siebold em Berlim)
Escrito por Reuters