Lula cobra Anvisa para acelerar aprovação de medicamentos; agência reclama de falta de pessoal
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Por Lisandra Paraguassu e Maria Carolina Marcello
(Reuters) - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva cobrou a Agência Nacional de Vigilância Sanitária para que acelere a aprovação e liberação de novos medicamentos no país.
Em um discurso na inauguração de uma fábrica de medicamentos do laboratório EMS, em Hortolândia (SP), Lula afirmou que esse era um pedido do presidente do laboratório, Carlos Sanchez.
'É preciso a Anvisa andar um pouco mais rápido para aprovar os pedidos que estão lá, porque não é possível o povo não poder comprar remédio porque a Anvisa não libera. É uma demanda que vamos tentar resolver', afirmou.
O comentário não passou despercebido e o diretor-presidente da Anvisa, Antonio Barra Torres, chamou a atenção em uma carta aberta para a falta de pessoal no órgão para a realização de um trabalho que, segundo Torres, já era responsável pela regulação de 22,7% do PIB há mais de dez anos.
'De lá para cá, o número de servidores somente caiu,
enquanto isso, estima-se que essa parcela do PIB só aumentou', diz o diretor na carta, acrescentando que o atual governo tem sido alertado do problema de pessoal desde o período de transição da gestão passada para esta.
Torres demonstrou especial descontentamento com trecho da fala de Lula em que ele afirma que a agência seria mais célere no dia em que algum parente de funcionário da Anvisa morrer por não ter acesso a um remédio por falta de liberação.
'Ao nos qualificar de pessoas que precisam da dor da morte de entes queridos para fazer o próprio trabalho, equivoca-se o orador, e mesmo não desejando, coloca a população contra a Anvisa, que sempre a defendeu', afirma o diretor.
'A fala, entristece, agride, avilta e, acima de tudo, enfraquece a Anvisa, internamente e no cenário internacional, onde é referência para inúmeros países', pontua, acrescentando que principalmente durante a pandemia de Covid-19 dez
servidoras e servidores da Anvisa 'faleceram trabalhando'.
(Reportagem de Lisandra Paraguassu e Maria Carolina Marcllo)
Escrito por Reuters
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