Lula diz que democracia corre risco em todo o mundo
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SÃO PAULO (Reuters) - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta sexta-feira que a democracia 'está correndo risco' em todo o mundo diante do crescimento da extrema-direita e de movimentos fascistas e nazistas, e defendeu que as pessoas voltem a ser 'humanistas', em vez de meros objetos de algoritmos.
Em cerimônia em Porto Alegre para anúncio de investimentos do governo federal, Lula afirmou que a política está 'tomada pelo ódio' e que a civilidade entre os que discordam -- seja politicamente ou em qualquer outro assunto, como futebol -- já não existe no Brasil e está acabando pelo mundo.
'Estou querendo chamar a atenção de vocês de que em todas as lutas que a gente tem que fazer daqui para frente é importante a gente lembrar que o que corre risco no mundo é a democracia', disse o presidente, ao discursar no evento.
'E (a democracia) corre risco pelo fascismo, corre risco pelo nazismo, pela extrema-direita raivosa, ignorante, bruta, que ofende as pessoas, que não acredita nas pessoas', acrescentou.
Ao citar nomes da estatura de Leonel Brizola, Lula lamentou por considerar que a política está 'medíocre' atualmente. O presidente atentou, ainda, para o fato de que os militantes progressistas precisam mirar na juventude, que por ser mais imediatista, na leitura do presidente, tem maior tendência a embarcar nas críticas e no negacionismo, em vez de discutir a fundo as questões que a preocupa.
'Muitas vezes é mais fácil a gente ser contra, do que ter que pensar', avaliou, dizendo que a responsabilidade do campo progressista 'aumentou' diante desse cenário.
Lula também analisou a situação atual como resultado de mudanças de comportamento dos campos políticos.
'A esquerda e os setores progressistas, antes, criticavam o sistema. Na hora que eles ganham as eleições, eles passam a fazer parte do sistema, e a direita, que fica fora, vira contra o sistema. Quem é contra o sistema hoje, que critica tudo, é o Milei, da Argentina. Até o Banco Central ele quer fechar', disse, referindo-se a Javier Milei, presidente da Argentina que se identifica como um libertário.
'E aqui, o Bolsonaro -- que eu não queria falar o nome dele --, mas é a negação. Até hoje ele não reconhece a derrota dele. Até hoje não reconhece a derrota (eleitoral)', afirmou, mencionando o ex-presidente Jair Bolsonaro.
Como soluções para o momento atual de ameaça à democracia em todo o mundo, Lula sugeriu a recuperação das noções de humanidade e civilidade, além do fortalecimento das instituições e da recuperação econômica, de forma que possa haver combate à fome, a à desigualdade e que possam ser conferidas 'vez e voz' àqueles 'historicamente esquecidos'.
'Nós precisamos voltar a ser humanistas. Nós não queremos ser algoritmos. Nós queremos pensar, nós queremos amar, nós queremos ter fraternidade e solidariedade com as pessoas. Eu não sou número. Eu não sou objeto. Eu tenho sentimento', afirmou, em referência às redes sociais.
(Reportagem de Fernando Cardoso, em São Paulo, e Maria Carolina Marcello, em Brasília)
Escrito por Reuters
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