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Lula interrompe discussão no G20 sobre Ucrânia e irrita europeus

Placeholder - loading - Lula discursa durante cúpula do G20 no Rio de Janeiro 18/11/2024 REUTERS/Ricardo Moraes
Lula discursa durante cúpula do G20 no Rio de Janeiro 18/11/2024 REUTERS/Ricardo Moraes

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Por Lisandra Paraguassu e Elizabeth Pineau e Andreas Rinke

RIO DE JANEIRO (Reuters) - Delegados europeus na cúpula do G20 no Brasil ficaram insatisfeitos com a decisão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de encerrar as discussões e emitir a declaração final do grupo um dia antes, em uma tentativa de evitar debates delicados sobre a guerra na Ucrânia, disseram fontes.

O chanceler alemão, Olaf Scholz, lamentou nesta terça-feira que o comunicado do G20 não tenha destacado a responsabilidade da Rússia pelo início da guerra na Ucrânia, especialmente no milésimo dia de sua invasão em larga escala.

'É muito pouco quando o G20 não consegue encontrar palavras para deixar claro que a Rússia é responsável', disse Scholz no encerramento da cúpula de dois dias do grupo das maiores economias do mundo, realizada no Rio de Janeiro.

A redação sobre a Ucrânia tem sido um ponto sensível nas reuniões do G20 desde o início da guerra, já que a Rússia e seus aliados estão à mesa. O presidente russo, Vladimir Putin, não participou da cúpula no Rio, mas foi representado pelo ministro das Relações Exteriores, Sergey Lavrov.

O comunicado geralmente é emitido ao final da cúpula, mas Lula decidiu aprovar o texto enquanto encerrava a sessão plenária de segunda-feira, em um momento em que os líderes de França, Alemanha e Estados Unidos não estavam presentes na sala, segundo diplomatas.

'O comunicado foi fechado pelo presidente Lula. Ficou aquém da posição que poderíamos ter tido', afirmou o presidente francês, Emmanuel Macron, a repórteres na noite de segunda-feira, acrescentando que o texto teria se beneficiado de uma abordagem mais explícita sobre a guerra.

'Isso não muda nada a posição da França: é uma guerra de agressão iniciada pela Rússia contra a Ucrânia e nossa prioridade hoje é obter uma paz duradoura', completou Macron.

Uma autoridade europeia classificou a manobra de Lula como 'brutal', mas seu país decidiu respeitar a prerrogativa do anfitrião da cúpula de determinar quando emitir a declaração conjunta.

O Brasil apressou a aprovação do comunicado na noite de segunda-feira para evitar o risco de a cúpula terminar sem uma declaração final, embora os europeus pedissem uma linguagem mais firme sobre o papel da Rússia na guerra, disseram à Reuters três diplomatas brasileiros presentes nas negociações.

O Ministério das Relações Exteriores do Brasil não respondeu imediatamente a um pedido de comentário.

Os sherpas (negociadores) tinham chegado a um acordo sobre a declaração final no início da manhã de domingo, após intensas negociações, mas naquela tarde França e Alemanha começaram a pressionar o Brasil para reabrir o texto devido a ataques aéreos russos significativos na Ucrânia. O Brasil se recusou.

Diplomatas franceses poderiam ter pedido na segunda-feira para adiar a aprovação do texto até que Macron estivesse na sala, mas não o fizeram, para alívio dos brasileiros.

'Reabrir o texto teria colocado em risco todo o esforço de uma semana de negociações', disse uma autoridade brasileira à Reuters.

Scholz viu a discordância sobre o texto do G20 como um sinal dos tempos em um mundo em transformação.

'Está ficando claro o quanto as tensões geopolíticas também estão tendo um impacto sobre o G20', disse ele. 'O vento que sopra nas relações internacionais está ficando mais forte.'

(Reportagem de Lisandra Paraguasu, Elizabeth Pineau e Andreas Rinke no Rio de Janeiro)

Escrito por Reuters

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