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Lula lamenta interrupção de corte de juros e diz que BC priorizou especuladores

Placeholder - loading - Presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante reunião do G7 em Borgo Egnazia, Itália 14/06/2024 REUTERS/Louisa Gouliamaki
Presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante reunião do G7 em Borgo Egnazia, Itália 14/06/2024 REUTERS/Louisa Gouliamaki

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(Reuters) - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva lamentou nesta quinta-feira a decisão do Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) de encerrar o ciclo de afrouxamento monetário e manter a taxa Selic em 10,50% ao ano, afirmando que o povo brasileiro é quem mais perde com a decisão.

'Foi uma pena que o Copom manteve, porque quem está perdendo com isso é o Brasil, é o povo brasileiro. Quanto mais a gente pagar de juros, menos dinheiro a gente tem para investir aqui dentro', disse Lula em entrevista à rádio Verdinha, em Fortaleza.

Ele afirmou que o presidente da República não se mete nas decisões do Copom, mas questionou a autonomia da autoridade monetária, acusando-a de servir aos interesses do mercado financeiro.

'A decisão do Banco Central foi investir no mercado financeiro, foi investir nos especuladores que ganham dinheiro com juros. Nós queremos investir na produção', pontuou.

O Copom anunciou na noite de quarta-feira decisão unânime do colegiado pela interrupção do ciclo de cortes da taxa básica de juros, após sete reduções consecutivas desde agosto do ano passado.

Diferentemente da reunião anterior, quando a decisão da maioria do comitê teve a divergência dos quatro diretores indicados por Lula neste terceiro mandato, o rumo tomado pelo BC neste encontro foi apoiado por todos os membros.

A decisão teve o voto favorável inclusive do diretor de política monetária, Gabriel Galípolo, cotado para suceder o presidente Roberto Campos Neto no comando da instituição.

Lula argumentou que a manutenção da Selic eleva as despesas do governo com o pagamento de juros de dívidas da União, o que, segundo ele, deveria ser discutido quando se levanta a possibilidade de revisão de gastos para ajustar as contas públicas brasileiras.

'Toda vez que a gente fica discutindo corte, a imprensa fala que aumentar o salário mínimo é gasto. Por que não transforma em gasto a taxa de juros que nós pagamos?', questionou, acrescentando que também fica 'nervoso' com o pagamento de dividendos para acionistas minoritários da Petrobras.

O presidente explicou que seu governo desejar realizar gastos com qualidade e para fins necessários. Ele afirmou, no entanto, que o custo de não investir em algumas áreas prioritárias pode ser ainda maior do que as despesas ao se optar pelo investimento.

Desde que alterou as metas de resultado primário para os próximos anos em abril, o Executivo tem sofrido uma pressão cada vez maior para fazer uma ampla revisão de gastos a fim de atingir o objetivo de déficit zero para este ano.

Derrotas recentes no Congresso em esforços para elevar a arrecadação aumentaram ainda mais a pressão, gerando uma disputa interna entre a equipa econômica, favorável à revisão, e membros do governo mais resistentes.

(Por Fernando Cardoso e Eduardo Simões, em São Paulo)

Escrito por Reuters

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