Argentina anuncia plano de ajuda econômica, mas peso se mantém em queda
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Por Cassandra Garrison e Nicolás Misculin
BUENOS AIRES (Reuters) - O presidente da Argentina, Mauricio Macri, divulgou nesta quarta-feira um pacote de subsídios sociais e redução de impostos a trabalhadores para aliviar o impacto da crise econômica meses antes das eleições presidenciais, mas seu anúncio não interrompeu imediatamente o declínio do peso.
O peso abriu em queda de 12,3%, a 61 por dólar, nesta quarta-feira, depois que Macro anunciou as medidas, mas reduzia ligeiramente a queda a 4,77%. Este é o terceiro dia consecutivo de grandes perdas no peso, dadas as preocupações do mercado sobre a capacidade dos políticos de tirar a Argentina de outra rodada de recessão e inflação alta.
As vendas de mercadorias, que vão de carros a alimentos e produtos de beleza, já diminuíram devido ao declínio do peso, já que os fornecedores têm retido os embarques enquanto tentam calcular como a moeda mais fraca afetará os preços ao consumidor.
Macri disse que aumentará o piso do imposto de renda em 20%, abrindo caminho para um corte de impostos para dois milhões de trabalhadores. O incentivo fiscal será de cerca de 2 mil pesos extras (34 dólares) por mês por pessoa.
O governo também concederá subsídios de 1.000 pesos por criança para desempregados com filhos antes do final do ano e aumentará o salário mínimo pela segunda vez este ano, embora o tamanho do aumento ainda não tenha sido determinado.
Macri, membro de uma das famílias mais ricas da Argentina, chegou ao poder em 2015 prometendo reacender a terceira maior economia da América Latina através de uma onda de liberalização, mas a inflação está em 55%, o país está em recessão e o valor do peso está caindo cada vez mais.
A moeda entrou em declínio desde que Macri foi fortemente derrotado nas eleições primárias de domingo pelo candidato da oposição, Alberto Fernández. Os investidores temem que o governo de Fernández traga de volta políticas econômicas intervencionistas anteriores que já foram utilizadas e descartadas.
'As medidas que tomei e que vou compartilhar com vocês agora são porque eu escutei vocês. Ouvi o que vocês queriam me dizer no domingo', disse Macri.
A vitória esmagadora de Fernández nas eleições primárias de domingo foi um duro golpe às chances de reeleição de Macri nas eleições gerais em outubro.
As quedas na moeda, ações e títulos da Argentina na segunda-feira foram as maiores desde a crise econômica e default da dívida do país sul-americano em 2001.
O peso tocou uma mínima recorde na segunda-feira, de 65 por dólar, ao registrar queda de 30% antes de se recuperar parcialmente.
Macri também anunciou que os preços da gasolina serão congelados por 90 dias como parte de seu plano. As novas medidas custarão ao governo cerca de 678 milhões de dólares, segundo o governo.
'Essas são medidas que trarão alívio para 17 milhões de trabalhadores e suas famílias', disse Macri, acrescentando que está disposto a se reunir com a oposição.
(Por Nicolás Misculin)
Escrito por Reuters
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