Maduro pede telefonema com Lula sobre situação na Venezuela, diz fonte
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Por Lisandra Paraguassu
BRASÍLIA (Reuters) -O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, pediu uma conversa por telefone com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva para falar sobre a situação na Venezuela após a contestada eleição no país, disseram à Reuters nesta quinta-feira duas fontes com conhecimento do tema.
A data da conversa de Lula com Maduro ainda não foi marcada e não é provável que aconteça ainda nesta quinta, segundo as fontes, mas, de acordo com uma delas, essa possibilidade ainda não está totalmente descartada.
Há uma questão de agenda de Lula, mas também uma avaliação da diplomacia brasileira de que pode ser importante o presidente antes ter uma conversa com os presidentes do México, Andrés Manuel López Obrador, e da Colômbia, Gustavo Petro.
Como antecipado pela Reuters, Lula vai conversar com ambos sobre a situação na Venezuela na tarde desde quinta-feira.
Os três países negociam a divulgação de um comunicado conjunto cobrando do governo venezuelano a divulgação das atas de votação da contestada eleição de domingo.
Em sua entrevista coletiva diária nesta quinta, López Obrador disse que deve falar com Lula e Petro sobre a Venezuela nesta tarde. Os três países pressionam para que o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) da Veneuzela divulgue as atas das urnas eleitorais.
Maduro foi declarado reeleito pelo CNE após a eleição, mas a oposição contesta o resultado.
Envolvido diretamente em uma mediação, o governo brasileiro não tem planos de reconhecer nem Maduro, muito menos González, a menos que as atas de votação sejam divulgadas, disse uma das fontes.
Já existe, no entanto, uma admissão não explícita de que dificilmente o governo venezuelano vai permitir uma reversão do resultado anunciado pela CNE, mesmo sob condenação e desconfiança internacional.
O foco do governo brasileiro, nesse momento, é conseguir evitar um aumento de violência e um risco de guerra civil, disseram à Reuters as fontes. O recado inclusive foi passado a González, em meio às convocações de protestos no país pela oposição contra a declarada reeleição de Maduro.
'Lembramos que é muito mais difícil controlar a violência depois de começar', disse uma das fontes.
'Papel do Brasil agora não é pôr fogo no parquinho. Se a gente atacar o governo perdemos a interlocução. Se conseguirmos evitar que caia para violência é uma enorme contribuição, e isso precisa ser feito nesse momento. Depois que tiver 30, 40 pessoas mortas fica quase impossível', disse a fonte.
A avaliação do governo brasileiro é que esta quinta-feira foi um 'bom dia' na mediação da crise na Venezuela.
Uma das fontes lembrou que o Brasil conseguiu obter a garantia do governo venezuelano de manter a integridade das embaixadas que o governo brasileiro assumiu, especialmente a da Argentina, onde se encontram seis oposicionistas asilados.
Depois de duas tentativas de invasão à representação argentina, o assessor especial da Presidência brasileira, Celso Amorim, pediu pessoalmente a Maduro reforço de proteção ao local, no que o venezuelano havia concordado.
Com a expulsão dos diplomatas argentinos, o Brasil acabou assumindo a embaixada, a pedido do governo argentino, com a anuência do governo venezuelano, e obteve a promessa de respeito aos direitos dos asilados.
(Reportagem de Lisandra ParaguassuReportagem adicional de Ana Isabel Martínez, na Cidade do MéxicoEdição de Pedro Fonseca)
Escrito por Reuters
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