Melbourne anuncia restrições em tentativa de conter coronavírus
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Por Melanie Burton
MELBOURNE (Reuters) - Segunda maior cidade da Austrália, Melbourne, já sob toque de recolher à noite, anunciou novas restrições a setores, como varejo e construção, nesta segunda-feira, em uma tentativa de conter o ressurgimento do coronavírus.
A partir da noite de quarta-feira, Melbourne, capital do Estado de Victoria, fechará varejos, algumas manufaturas e negócios administrativos, como parte de um isolamento de seis semanas.
As novas medidas devem dobrar o número de empregos afetados pelas restrições impostas por causa do coronavírus para aproximadamente 500 mil e, junto com aqueles que trabalham de casa, impedirá que 1 milhão de pessoas se desloquem, afirmou o primeiro-ministro de Victoria, Daniel Andrews.
Depois de ter imposto restrições rígidas de movimento, Victoria declarou “estado de desastre” no último domingo.
A Austrália está melhor que muitos países, com 18.361 casos de coronavírus e 221 mortes, em uma população de 25 milhões, mas o surto em transmissões entre a comunidade em Victoria gerou medo de que a taxa de infecção saísse do controle.
“Por mais que parta o coração fechar postos de trabalho... é o que precisamos fazer para parar a disseminação desse vírus descontroladamente infeccioso”, afirmou Andrews, em uma entrevista coletiva.
“Caso contrário, não serão seis semanas de restrições, mas seis meses.”
As últimas medidas em Victoria cortarão a produção de frigoríficos em um terço, causarão o recuo em atividades de construção e funcionários em centros de distribuição e todas as escolas voltarão ao ensino à distância.
Os supermercados permanecerão abertos, junto com entregas de restaurantes, mas muitos outros estabelecimentos de varejo serão fechados.
O surto em Victoria, que representa um quarto da economia nacional, acabou com as esperanças de uma rápida recuperação da primeira recessão da Austrália em quase três décadas.
Andrews anunciou pagamentos de 5.000 dólares australianos (3.570 dólares) a negócios afetados e sinalizou mais anúncios sobre punições, aplicações e educação para terça-feira.
O governo nacional também anunciou pagamentos de desastre por causa da pandemia para pessoas que ficaram sem licença médica e precisam se auto-isolar por 14 dias, para garantir que pessoas com sintomas de Covid-19 parem de ir ao trabalho.
“Estamos lidando com um desastre”, afirmou o primeiro-ministro Scott Morrison, em uma entrevista coletiva.
As restrições anunciadas no domingo incluem toque de recolher entre 20h e 5h durante seis semanas, impedindo que as quase cinco milhões de pessoas da cidade saiam de suas casas, exceto para trabalho e para fornecer ou receber tratamentos.
“A ideia de que, neste país, viveríamos em uma época com toque de recolher noturno em uma cidade inteira do tamanho de Melbourne era impensável”, disse Morrison.
Victoria relatou 429 novos casos na segunda-feira, uma queda em relação às 671 novas infecções registradas no domingo, mas teve 13 mortes, o segundo maior total diário de óbitos.
MEDO DE DISSEMINAÇÃO
Estados que fazem fronteira com Victoria também tomaram medidas de precaução.
Nova Gales do Sul, que teve 13 novas infecções, recomendou com veemência o uso de máscaras em todos os espaços fechados, enquanto a Austrália do Sul, com dois novos casos, reduziu a permissão de reuniões em casa para um máximo de 10 pessoas, de 50 anteriormente, e disse que álcool pode ser servido apenas a quem estiver sentado.
O surto de novos casos significa que viagens entre Austrália e Nova Zelândia serão adiadas indefinidamente, afirmou a primeira-ministra da Nova Zelândia, Jacinda Ardern, porque o critério para viagem sem necessidade de quarentena exigia que os locais não tivessem transmissão entre a comunidade por 28 dias.
“Isso demorará muito tempo para a Austrália... então ficará em banho-maria por um tempo”, disse à emissora neozelandesa Three.
Os dois países esperavam que viagens entre eles pudessem retornar em setembro.
Escrito por Reuters
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