México congela relações com embaixadas dos EUA e do Canadá após críticas à reforma do Judiciário
Publicada em
Por Ana Isabel Martinez e Kylie Madry
CIDADE DO MÉXICO (Reuters) - O governo mexicano suspendeu seu relacionamento com as embaixadas dos Estados Unidos e do Canadá no país, disse o presidente Andrés Manuel López Obrador nesta terça-feira, após críticas de embaixadores desses países a uma proposta de reforma judicial apoiada por ele.
'Há uma pausa', disse López Obrador em uma coletiva de imprensa, esclarecendo que o congelamento foi com as embaixadas e não com os países.
O presidente está promovendo uma reforma para que juízes, incluindo os juízes da Suprema Corte, sejam escolhidos por voto popular. Uma comissão da câmara baixa do Congresso mexicano aprovou a proposta na segunda-feira, abrindo caminho para que ela seja efetivada quando o novo Congresso eleito tomar posse, em setembro.
Defensores da medida argumentam que a reforma vai impulsionar a democracia e ajudar a consertar um sistema que, segundo eles, não atende ao público, enquanto críticos sustentam que ela vai distorcer o poder em favor do Executivo, interromper a carreira dos juízes e tornar os tribunais mais suscetíveis à influência criminosa.
Na semana passada, o embaixador dos EUA, Ken Salazar, classificou a reforma como um 'grande risco para o funcionamento da democracia mexicana' e advertiu sobre um possível risco para a relação comercial entre os EUA e o México.
Os EUA e o México são os maiores parceiros comerciais um do outro.
O embaixador do Canadá no México, Graeme Clark, também alertou para preocupações com investimentos.
Mais tarde, nesta terça-feira, após os comentários de López Obrador, Salazar publicou uma nota diplomática da embaixada, datada de 23 de agosto.
'Os Estados Unidos apoiam o conceito de reforma judicial no México, mas temos preocupações significativas de que a eleição popular de juízes não resolveria a corrupção judicial nem fortaleceria o poder judicial do governo do México', diz a nota.
A embaixada canadense não respondeu imediatamente a pedidos de comentário.
López Obrador criticou o que ele chamou de interferência de Salazar na política interna.
'Como vamos permitir que o embaixador dê sua opinião, diga que o que estamos fazendo é errado?', acrescentou o presidente.
'Não vamos dizer a ele para sair do país. Mas para que ele leia nossa Constituição, sim, vamos dizer isso.'
Salazar havia dito anteriormente que estava aberto a conversar com líderes do governo mexicano para discutir diferentes modelos judiciais.
López Obrador disse que a 'pausa' continuaria até que 'houvesse confirmação de que (as embaixadas) respeitariam a independência do México'.
(Reportagem de Ana Isabel Martinez, Raul Cortes e Kylie Madry)
Escrito por Reuters
SALA DE BATE PAPO