Militares israelenses dizem que iniciaram nova operação terrestre em Gaza
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Por Nidal al-Mughrabi
JERUSALÉM (Reuters) - Os militares israelenses disseram nesta quarta-feira que suas forças retomaram as operações terrestres no centro e no sul da Faixa de Gaza, após um segundo dia de ataques aéreos matar pelo menos 20 palestinos, de acordo com profissionais de saúde locais.
A retomada das operações terrestres ocorre um dia depois que mais de 400 palestinos foram mortos em ataques aéreos, em um dos episódios mais mortais desde o início do conflito, rompendo um cessar-fogo que, em grande parte, vinha sendo mantido desde janeiro.
Os militares israelenses disseram que suas operações ampliaram o controle de Israel sobre o Corredor de Netzarim, que corta Gaza, e foram uma manobra 'focada' com o objetivo de criar uma zona tampão parcial entre o norte e o sul do enclave.
A Organização das Nações Unidas disse que um ataque aéreo israelense matou um funcionário estrangeiro e feriu cinco trabalhadores no local de uma instalação da ONU no centro da Cidade de Gaza nesta quarta-feira. Mas Israel negou o fato, dizendo que havia atingido uma área do Hamas, onde havia detectado preparativos para disparos contra o território israelense.
Jorge Moreira da Silva, diretor-executivo do escritório da ONU para Serviços de Projetos, disse: 'Israel sabia que se tratava de instalações da ONU, que as pessoas viviam, ficavam e trabalhavam lá, é um complexo. É um lugar muito conhecido'
Israel, que prometeu erradicar o Hamas, disse que sua última investida foi 'apenas o começo'.
Israel e o Hamas se acusam mutuamente de violar a trégua, que ofereceu uma pausa para os 2,3 milhões de habitantes de Gaza após 17 meses de guerra que reduziu o enclave a escombros e forçou a maior parte de sua população a se deslocar várias vezes.
A campanha israelense matou mais de 49.000 pessoas em Gaza, segundo as autoridades de saúde palestinas, e causou uma crise humanitária com escassez de alimentos, combustível e água.
Israel acusa o Hamas de usar civis palestinos como escudos humanos. O Hamas nega isso e acusa Israel de bombardeios indiscriminados.
A guerra - o episódio mais devastador em décadas de conflito israelense-palestino - foi desencadeada por um ataque liderado pelo Hamas no sul de Israel em 7 de outubro de 2023, no qual homens armados mataram cerca de 1.200 pessoas e fizeram cerca de 250 reféns, de acordo com os registros israelenses.
A decisão do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu de retomar os bombardeios provocou protestos em Israel, já que 59 reféns ainda estão presos em Gaza, e acredita-se que 24 deles ainda estejam vivos.
Uma coalizão de famílias de reféns acusa o primeiro-ministro de usar a guerra para fins políticos.
(Reportagem de Nidal al-Mughrabi, no Cairo. Reportagem adicional de Jana Choukeir em Dubai, Lili Bayer em Bruxelas, Rachel More em Berlim e James Mackenzie em Jerusalém)
Escrito por Reuters