Lula ordenou construção de sondas e recursos ilícitos abasteceriam campanha de Dilma, diz Palocci em delação
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Por Ricardo Brito
BRASÍLIA (Reuters) - O então presidente Luiz Inácio Lula da Silva ordenou, numa reunião realizada no Palácio do Alvorada no início de 2010, que o então presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, encomendasse a construção de 40 sondas e que dinheiro ilícito arrecadado com contratos da estatal serviriam para bancar a campanha presidencial da petista, Dilma Rousseff, afirmou o ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci Filho em delação premiada tornada pública nesta segunda-feira.
Palocci relatou na delação que Lula, naquele encontro, encarregou-o de 'genreciar os recursos ilícitos que seriam gerados e o seu devido emprego na campanha de Dilma Rousseff para a Presidência da República'.
Essa foi, segundo o delator, a primeira reunião realizada por Lula em que 'explicitamente tratou da arrecadação de valores a partir de grandes contratos da Petrobras'. Palocci coordenou a campanha de Dilma em 2010.
'Que isso se dava, segundo Lula relatou e conforme narra o colaborador, para garantir que o projeto seria efetivamente desenvolvido por Gabrielli; que esta foi a primeira reunião realizada por Luiz Inácio Lula da Silva em que explicitamente tratou da arrecadação de valores a partir de grandes contratos da Petrobras', segundo relato de Palocci feito na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba no dia 13 de abril deste ano.
O juiz federal Sérgio Moro retirou nesta segunda-feira parte do sigilo da delação premiada de Palocci. No final de abril, o ex-ministro havia firmado colaboração com a PF, local onde está preso desde setembro de 2016, após uma das fases da operação Lava Jato.
Os termos da colaboração vinham sendo oficialmente mantidos em sigilo até então. Moro incluiu parte de informações da colaboração do ex-ministro em ação penal referente ao Instituto Lula.
Em nota, a defesa do ex-presidente afirmou que a conduta de Moro de levantar o sigilo de parte da delação de Palocci 'apenas reforça o caráter político dos processos e da condenação injusta imposta ao ex-presidente Lula'.
'Moro juntou ao processo, por iniciativa própria (“de ofício”), depoimento prestado pelo sr. Antonio Palocci na condição de delator com o nítido objetivo de tentar causar efeitos políticos para Lula e seus aliados, até porque o próprio juiz reconhece que não poderá levar tal depoimento em consideração no julgamento da ação penal. Soma-se a isso o fato de que a delação foi recusada pelo Ministério Público. Além disso, a hipótese acusatória foi destruída pelas provas constituídas nos autos, inclusive por laudos periciais', disse a nota.
'Palocci, por seu turno, mentiu mais uma vez, sem apresentar nenhuma prova, sobre Lula para obter generosos benefícios que vão da redução substancial de sua pena --2/3 com a possibilidade de “perdão judicial”-- e da manutenção de parte substancial dos valores encontrados em suas contas bancárias', complementa a defesa do ex-presidente.
A revelação dos termos da delação de Palocci também tornou público os benefícios acertados. Ele terá de pagar 35 milhões de reais e terá, caso cumpra as exigências, direito a reduzir sua pena em dois terços.
(Reportagem adicional de Maria Carolina Marcello e Lisandra Paraguassu)
Escrito por Thomson Reuters
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