MRV vai manter volume de unidades e aposta em elevação de preços
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Por Patrícia Vilas Boas
SÃO PAULO (Reuters) - A MRV&Co não tem intenção de crescer em volume de unidades e continuará subindo os preços acima da inflação para aumentar a rentabilidade, disse o diretor financeiro do grupo, Ricardo Paixão, em entrevista à Reuters, após a construtora levantar 1 bilhão de reais com uma oferta subsequente de ações.
O grupo imobiliário precificou seu 'follow-on' na última quinta-feira em 12,80 reais por papel, em captação cuja operação base, segundo Paixão, visava entre 750 milhões a 1 bilhão de reais. As 78,19 milhões de novas ações passaram a ser negociadas na B3 na segunda-feira.
A movimentação ocorre em um momento de atualização do programa habitacional Minha Casa Minha Vida, do governo federal, que deve aquecer o setor, mas Paixão negou que a operação tivesse relação com as novas regras, uma vez que a incorporadora não pretende crescer em número de unidades.
'Os novos parâmetros do Minha Casa Minha Vida, eles ajudam muito, tanto o ritmo de vendas, como margem... Aumenta muito, na verdade, o poder de compra dos consumidores. No caso da MRV, a gente não tem intenção de crescer o volume, o número de unidades, nosso direcionamento estratégico aqui é deixar a companhia do tamanho que está', disse Paixão.
Segundo o executivo, a construtora quer impulsionar a receita com aumentos sustentados de preços e usará os recursos captados para redução de dívida dentro da operação brasileira de incorporação imobiliária, o principal negócio do grupo.
'A gente cresceu bastante o preço nos últimos 18 meses, vamos continuar crescendo o preço acima da inflação', disse. 'Volume constante e o preço crescendo faz com que a nossa receita cresça bastante, e a rentabilidade também cresce.'
O executivo citou previsão da operação Brasil da MRV&Co - que inclui, além da incorporação, as unidades Urba, Luggo e Resia - de redução de alavancagem em cerca de 25 pontos percentuais, para 40% até o final do ano, ante 65,2% no final do primeiro trimestre. O grupo informou dívida líquida de 3,32 bilhões de reais ao final de março relativa a operações no Brasil, conforme balanço de resultados do primeiro trimestre.
Paixão também acrescentou que a empresa pretende gerar caixa no segundo semestre em um montante superior ao que foi queimado nos primeiros seis meses de 2023, de modo que o valor gerado seja, no mínimo, igual ao que foi consumido, e 'com perspectiva de ter algum resultado de geração de caixa positivo para o ano'.
Somente a unidade de incorporação da MRV&Co reportou lucro de 96 milhões de reais no primeiro trimestre deste ano, revertendo prejuízo de 301 milhões do final de 2022 e acima do resultado positivo de 27 milhões do início do ano passado.
A companhia passou por uma simplificação dos projetos de expansão, saindo de um plano agressivo de crescimento, que visava atingir 70 mil unidades no negócio de incorporação no Brasil, para 40 mil, e reduzindo as cidades de atuação para cerca de 100, de acordo com o executivo.
Escrito por Reuters
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