Multidão silenciosa presta homenagem a vítimas de ataque na Nova Zelândia
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Por Charlotte Greenfield
CHRISTCHURCH, Nova Zelândia (Reuters) - Milhares de pessoas ficaram em silêncio em um parque de Christchurch, nesta sexta-feira, enquanto os nomes das 50 vítimas fatais do ataque a duas mesquitas eram lidos em uma homenagem, com oradores pedindo que o legado da tragédia seja uma Nova Zelândia mais gentil e tolerante.
Dezenas de representantes de governos ao redor do mundo se juntaram à primeira-ministra neozelandesa, Jacinda Ardern, para a homenagem no Hagley Park, próximo à mesquita Al Noor, onde mais de 40 das vítimas foram mortas por um suposto supremacista branco durante orações em 15 de março.
'Nosso desafio agora é fazer com que o melhor em nós seja uma realidade diária, porque não somos imunes aos vírus do ódio, do medo, do outro. Nunca estivemos', disse Ardern, cujo modo de lidar com a tragédia ganhou reconhecimento global.
'Mas podemos ser a nação que descobre a cura. Então, a partir daqui, cada um de nós tem trabalho a fazer', acrescentou.
Ardern afirmou que o mundo precisa dar um fim ao círculo vicioso do extremismo e que isso precisa ser um esforço global.
'A resposta está em um simples conceito que não é limitado pro fronteiras domésticas, que não é baseado em etnicidade, base poder ou até mesmo em modos de governança. A resposta está na nossa humanidade', disse ela.
A segurança foi reforçada ao redor do memorial e a Nova Zelândia permanece sob alerta máximo de segurança. O comissário de polícia, Mike Bush, afirmou que foi uma das maiores mobilizações policiais já realizadas na Nova Zelândia.
Farid Ahmed, cuja mulher, Husna, foi uma das 50 pessoas mortas, disse à multidão que, como homem de fé, ele havia perdoado o assassino de sua esposa porque não queria ter 'um coração que está fervendo como um vulcão'.
'Eu quero um coração que seja cheio de amor e cuidado e cheio de misericórdia e que perdoe facilmente, porque este coração não quer mais que nenhuma vida se perca', disse ele sob aplausos.
Ele pediu que as pessoas trabalhassem juntas pela paz e mudassem as atitudes para ver todos como parte de uma única família, usando o apelido de Christchurch, 'Cidade-Jardim', para reforçar sua ideia.
'Eu posso ser de uma cultura, você pode vir de outra cultura, eu posso ter uma fé, você pode ter uma fé, mas juntos somos um belo jardim', disse Ahmed.
A homenagem foi transmitida em todo o país. Voluntários muçulmanos, alguns dos quais vieram da Austrália e da Ásia, distribuíram panfletos com informações sobre o Islã enquanto multidões deixavam o parque após o culto.
Escrito por Thomson Reuters
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