Não é piada: reação na China contra stand-up gera medo de repressão à comédia
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Por Yew Lun Tian e Casey Hall
PEQUIM/SHANGHAI (Reuters) - Uma piada de um comediante chinês sobre o exército do país gerou revolta na internet, uma multa de dois milhões de dólares, um inquérito policial, uma série de shows cancelados e temores pela sobrevivência da comédia stand-up da China, um raro refúgio para alguma liberdade de expressão.
O furor pela piada de Li Haoshi em Pequim no último fim de semana marca o maior escândalo até agora de uma forma de entretenimento que, apesar do rígido regime de censura da China, conseguiu ganhar popularidade, com performances em grupos pequenos.
“A comédia stand-up tem sido o último bastião em que as pessoas ainda podem desfrutar de comentários divertidos sobre a vida pública”, disse o analista político independente sediado em Pequim Wu Qiang.
“Depois disso, o espaço para comédia stand-up e expressão pública no geral inevitavelmente continuará a diminuir”.
A cena de comédia da China cresceu rapidamente durante a pandemia de Covid-19 porque as pessoas passaram mais tempo em casa assistindo shows de comédia virais pelo streaming. O mais popular foi produzido pela Xiaoguo Culture Media Co, a empresa que está no centro da atual revolta.
Após relatos de que essas transmissões estavam cada vez mais sujeitas à censura, especialmente em relação a assuntos sensíveis, como o lockdown de Xangai, shows offline proliferaram, em parte por uma percepção de que comediantes tinham mais liberdade para falar diante de grupos pequenos do que para as vastas audiências das transmissões.
Escrito por Reuters
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