Não há relação mecânica entre ambiente externo e política monetária, diz Guillen
Publicada em
Atualizada em
BRASÍLIA (Reuters) -O diretor de Política Econômica do Banco Central, Diogo Guillen, disse nesta quarta-feira que não há relação mecânica entre o ambiente externo e a política monetária brasileira, e que eventos internacionais apenas entram no balanço de risco da autarquia e têm os mecanismos de transmissão avaliados.
Falando em palestra da JP Morgan Brazil Opportunities Conference, Guillen disse que o cenário global está menos adverso que na reunião anterior do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC, mas ainda assim está 'volátil'.
'Não há relação mecânica entre o ambiente externo e o doméstico em relação à política monetária, nós incorporamos esse fator em nossas projeções, em nosso balanço de riscos e de lá nós avaliamos a melhor reação', disse.
O diretor afirmou que o BC se sentiu confiante em sinalizar que vê novos cortes de 0,50 ponto percentual nos juros básicos do país nas próximas duas reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom), mas enfatizou que o colegiado optou por não comunicar qual seria a taxa ao fim do ciclo de flexibilização monetária.
O BC decidiu em dezembro fazer o quarto corte consecutivo de 0,50 ponto percentual na Selic, levando a taxa a 11,75% ao ano, antevendo reduções equivalentes nas próximas reuniões. Um novo encontro do colegiado está marcado para 30 e 31 de janeiro.
Guillen ressaltou que a desancoragem das expectativas de inflação no Brasil para períodos longos é uma preocupação e isso exige uma política monetária restritiva.
Ainda assim, ele afirmou que os núcleos de inflação, medidas que não consideram itens mais voláteis, estão alcançando a meta, enquanto a inflação cheia está caindo.
Sobre a cena local, ele disse que o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil se recuperou à tendência do pré-pandemia. Segundo ele, a desaceleração da atividade observada no terceiro trimestre de 2023 é consistente com o cenário desenhado pelo BC.
O diretor ainda afirmou que o Banco Central está monitorando o mercado de trabalho, que tem se mostrado aquecido, mas ponderou que não há evidência de pressões significativas de salários no país.
Após o governo regularizar em dezembro o repasse de mais de 90 bilhões de reais em precatórios que estavam acumulados, ele disse que o pagamento desses valores não deve gerar ganho significativo à atividade econômica.
Em relação ao câmbio, Guillen afirmou que o BC não fez nenhuma intervenção nesse mercado em 2023 porque não foram observadas lacunas de liquidez ou disfuncionalidades.
(Por Bernardo CaramTexto de Luana Maria BeneditoEdição de Camila Moreira)
Escrito por Reuters
SALA DE BATE PAPO