Nova presidente do Peru pedirá ao Congresso que antecipe eleições para 2024
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LIMA (Reuters) - A nova presidente do Peru, Dina Boluarte, apresentará um projeto de lei ao Congresso para antecipar as eleições gerais em dois anos, para abril de 2024, disse ela nas primeiras horas desta segunda-feira, em meio a tensões no país andino após a deposição do ex-líder Pedro Castillo.
Boluarte foi empossada depois que Castillo foi destituído pelo Congresso e preso por tentar dissolver o Legislativo em um esforço para evitar uma votação de impeachment contra ele.
'Resolvi apresentar um projeto de lei para chegar a um acordo com o Congresso para antecipar as eleições gerais para abril de 2024', disse Boluarte em um pronunciamento à nação.
De acordo com Boluarte, antes da realização das eleições antecipadas, o seu governo promoverá no Congresso uma reforma do sistema político que permitirá um 'governo mais eficiente, transparente e participativo, alheio à prática da corrupção e legitimado pela participação cidadã'.
'A pátria vive tempos difíceis', acrescentou.
A declaração de Boluarte de que apresentará o projeto de lei nos 'próximos dias' ocorre depois que dois adolescentes morreram no Peru no domingo, durante protestos exigindo que o país realizasse eleições gerais após a deposição de Castillo.
Os protestos se aprofundavam nesta segunda-feira com bloqueio de uma estrada importante usada pela mina de cobre Las Bambas, de propriedade da chinesa MMG Ltd. , por uma comunidade andina em Cusco, disse uma fonte próxima à empresa à Reuters. O Peru é o segundo maior produtor de cobre do mundo.
Castillo, ex-professor e agricultor, conquistou grande apoio nas áreas rurais e de mineração, que o levaram ao cargo em 2021. No entanto, seu governo estava atolado em acusações de corrupção e enfrentou até três julgamentos de impeachment.
Vários protestos de centenas de pessoas foram realizados desde a semana passada em algumas cidades do interior do país e em Lima, buscando impedir que Boluarte, de 60 anos, cumpra o mandato do atual governo até julho de 2026.
Para restabelecer a ordem, a presidente declarou 'estado de emergência' nas áreas de 'alto conflito', medida que permite que o Exército assuma o controle das regiões de protesto se necessário.
Os manifestantes, muitos deles partidários do ex-presidente, também exigem o fechamento do Congresso e a libertação de Castillo, que está em prisão preventiva desde quarta-feira após a tentativa frustrada de fechar o Parlamento.
No Congresso, foi aprovada na madrugada desta segunda-feira a anulação da imunidade de Castillo, para que ele seja investigado pelo Ministério Público, em meio à rejeição de parlamentares de esquerda que pediam a libertação do ex-presidente.
Castillo está sendo investigado pela promotoria pelo suposto crime de 'insurreição e conspiração'.
(Reportagem de Marco Aquino)
Escrito por Reuters
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