Nunes e Boulos vão disputar 2º turno em São Paulo após eleição acirrada
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Por Lisandra Paraguassu
BRASÍLIA (Reuters) - O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), irá disputar o segundo turno das eleições municipais contra Guilherme Boulos (PSOL), deixando de fora Pablo Marçal (PRTB), que ficou em terceiro lugar na votação deste domingo, na disputa mais acirrada entre todas as capitais estaduais do país.
A eleição na maior cidade do país foi definida apenas nos últimos votos, após uma apuração muito equilibrada desde o início. Nunes terminou em primeiro lugar com 29,49% dos votos válidos contra 29,06% de Boulos, enquanto Marçal ficou com 28,14%, de acordo com dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
O resultado representará um segundo turno em São Paulo marcado pela polarização entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que apoia Boulos, e o ex-presidente Jair Bolsonaro, que apoia Nunes. A votação ocorrerá em 27 de outubro.
'Nesse segundo turno vai estar em jogo uma escolha. Do lado de lá nós temos um candidato apoiado pelo Bolsonaro, que acredita que o Bolsonaro fez tudo certo na pandemia e que o 8 de janeiro foi apenas um encontro de senhoras, e não uma tentativa de golpe. Do lado de cá nós temos o time que ajudou a resguardar a democracia no Brasil. Nós temos o presidente Lula e temos o vice-presidente Alckmin', disse Boulos após a divulgação do resultado.
Acompanhado do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, Nunes disse que o segundo turno colocará em disputa duas visões 'muito antagônicas' para a cidade.
'A diferença entre a ordem e a desordem. A diferença entre a experiência e a inexperiência. A diferençaa entre a boa gestão e a interrogação. A diferença entre o diálogo, a ponderação e o equilíbrio e o radicalismo', afirmou.
OUTRAS CAPITAIS
De norte a sul do Brasil, eleitores escolheram entre mais de 15 mil postulantes a prefeito e mais de 431 mil candidatos a vereadores das 5.569 cidades brasileiras, em uma mega operação logística realizada pela Justiça Eleitoral. De acordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a eleição ocorreu sem maiores intercorrências.
Em 11 capitais a disputa foi encerrada já no primeiro turno, incluindo a reeleição de Eduardo Paes (PSD) no Rio de Janeiro, a segunda maior cidade do país.
Paes obteve 60,4% dos votos válidos para desbancar Alexandre Ramagem (PL), que terminou com 31% dos votos, em uma derrota para Bolsonaro, que bancou desde o início a candidatura do deputado federal. O atual prefeito teve apoio de Lula e de uma grande aliança que incluiu partidos de esquerda, centro e direita.
Também foram reeleitos os prefeitos de Recife, João Campos (PSB), e de Salvador, Bruno Reis (União), entre outros.
Em Belo Horizonte, capital do Estado que é o segundo maior colégio eleitoral do país, o bolsonarista Bruno Engler (PL) ficou em primeiro lugar e disputará um segundo turno contra o atual prefeito, Fuad Norman (PSD).
Sede da cúpula da ONU sobre o clima COP30 no ano que vem, Belém terá um segundo entre Igor Normando (MDB), do partido do governador do Pará, Helder Barbalho, e o bolsonarista Delegado Éder Mauro (PL). Atual prefeito e candidato à reeleição, Edmilson Rodrigues (PSOL) ficou em terceiro.
Fortaleza terá no segundo turno uma disputa direta entre lulopetismo e bolsonarismo, representados por André Fernandes (PL) e Evandro Leitão (PT), com o atual prefeito e candidato à reeleição, José Sarto (PDT), ficando pelo caminho.
Outra disputa entre PT e PL irá ocorrer em Cuiabá, onde o deputado federal bolsonarisa Abílio Brunini terminou em primeiro lugar com 39,61% dos votos válidos contra 28,31% do deputado estadual petista Lúdio Cabral.
Em Porto Alegre, o atual prefeito, Sebastião Melo (MDB), apoiado por Bolsonaro, ficou perto de vencer no 1º turno, com 49,72% dos votos válidos, mas terá de enfrentar a deputada federal petista Maria do Rosário em um segundo turno.
O resultado do pleito municipal deve estabelecer as bases para os partidos começarem a colocar as peças no tabuleiro político para as eleições para governos estaduais, Congresso Nacional e a Presidência da República daqui a dois anos.
Escrito por Reuters
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