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OBITUÁRIO-Pelé, o tricampeão sublime que parou até uma guerra, morre aos 82 anos

Placeholder - loading - 09/06/2006 REUTERS/Dylan Martinez
09/06/2006 REUTERS/Dylan Martinez
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Por Tatiana Ramil

SÃO PAULO (Reuters) - Pelé realizou façanhas que o tornaram o rei do futebol. Foi o único jogador que parou uma guerra, 'expulsou' um árbitro de campo, marcou mais de 1.200 gols e conquistou três Copas do Mundo. Era o brasileiro mais conhecido e mais homenageado no mundo e morreu nesta quinta-feira aos 82 anos após uma batalha contra o câncer, confirmou o hospital onde ele estava internado em São Paulo desde o fim de novembro.

Um dos atletas mais conhecidos da história moderna, o rei dizia que seu talento vinha de Deus e nunca deixou de reverenciar sua grande companheira, a bola. 'Se eu pudesse me chamaria Edson Arantes do Nascimento Bola. Seria a única maneira de agradecer o que ela fez por mim', afirmava o astro.

A lenda do futebol morreu nesta quinta após uma prolongada batalha contra o câncer e um histórico recente de complicações de saúde que incluíram problemas no quadril que afetaram a mobilidade de um atleta que encantou o mundo justamente por seus movimentos com a bola dentro de campo.

Em setembro de 2021 Pelé foi submetido a cirurgia para a retirada de um tumor no cólon, e desde então vinha realizando tratamento de quimioterapia.

O ex-jogador foi internado há cerca de um mês para reavaliar o tratamento, e também foi diagnosticado com uma infecção respiratória --a qual tratou com antibióticos. Em dezembro, o hospital informou que o câncer se agravou, o que levou a disfunções renal e cardíaca.

Hospitalizado, Pelé recebeu várias homenagens ao longo da Copa do Mundo, incluindo um bandeirão com sua imagem em meio à torcida brasileira e uma faixa carregada pelos jogadores da seleção. Em suas redes sociais, publicou comentários sobre o Mundial, como uma mensagem a Neymar após a eliminação do Brasil e uma mensagem de parabéns à campeã Argentina.

Pelé brilhou pela seleção brasileira logo aos 17 anos, sendo campeão da Copa de 1958, primeiro título mundial do futebol brasileiro e que ajudou a elevar a autoestima do país do cenário global, com atuação importante e seis gols.

Quatro anos depois, participou da campanha vitoriosa no Mundial do Chile, apesar de ter ficado fora de maior parte da campanha devido a uma lesão, e em 1970 comandou a equipe tricampeã no México --até hoje considerado um dos melhores times de futebol da história.

A habilidade de Pelé era ímpar. Ele combinava arrancada impressionante, dribles desconcertantes e finalizações precisas com os dois pés e também de cabeça. Chegou até a atuar como goleiro com bom desempenho. Para muitos, o jogador mais completo do esporte.

'Eu disse para mim mesmo antes do jogo: 'ele é feito de carne e osso como todo mundo'. Mas eu estava errado', disse Tarcisio Burgnich, o defensor italiano encarregado de marcar Pelé na final da Copa de 1970, na qual o Brasil bateu a Itália por 4 x 1.

Nascido na cidade mineira de Três Corações em 23 de outubro de 1940, Edson Arantes do Nascimento era filho de Celeste e do ex-jogador Dondinho. Em 1945, a família mudou-se para Bauru, no interior paulista, onde o menino Pelé começou a jogar futebol. De lá foi levado ao Santos e, em 1956, iniciou uma carreira espetacular.

Pela equipe paulista, Pelé ganhou 45 títulos, sendo dois mundiais, e marcou 1.091 dos seus 1.281 gols em 1.366 jogos, entre eles o milésimo gol, de pênalti, em 1969, quando disse a famosa frase: 'O povo brasileiro não pode esquecer das criancinhas', enquanto era cercado por torcedores, jornalistas e fotógrafos que invadiram o gramado do Maracanã para comemorar o feito.

No mesmo ano aconteceu outra passagem memorável de Pelé pelo Santos. Em meio a uma guerra civil na África, as forças rivais declararam uma trégua para que Pelé e seus companheiros do Santos passassem com segurança entre Kinshasa e Brazzaville, como é mostrado no filme 'Pelé Eterno'.

No entanto, o próprio Pelé dizia que não sabia se os combates efetivamente pararam, mas ao menos uma rodovia foi mantida em paz para que o time passasse. 'Falaram que a guerra foi interrompida para que eu pudesse jogar uma partida', contou o ex-jogador no livro 'Pelé - A Importância do Futebol'.

Campeão do Campeonato Paulista por 10 vezes e artilheiro do torneio em 11 ocasiões, uma delas com o recorde de 58 gols, o ex-camisa 10 é ainda o maior goleador da seleção brasileira, com 95 gols em 113 jogos, e conta com uma série de prêmios. Entre eles o título de 'Atleta do Século 20' concedido pelo jornal francês L'Equipe.

Em janeiro de 2014, recebeu uma homenagem especial da Fifa e da revista France Football, que concederam a Pelé a Bola de Ouro, prêmio criado em 1956 e que inicialmente premiava apenas os europeus. 'Recebi tantos prêmios, só que eu tinha ciúmes, porque todos recebiam a Bola de Ouro, mas não tinha prêmio para sul-americanos. Agora posso dizer que completei minha coleção', disse ele à época.

Pelé foi ainda condecorado com o título de 'sir' do Império Britânico, em 1997, e dois anos depois foi eleito o 'Maior Futebolista do Século' pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef).

'TIRARAM O JUIZ'

Pelé adorava contar histórias engraçadas que viveu pelos campos de futebol. Uma delas ocorreu na Colômbia durante partida pelo Santos. Numa confusão entre jogadores, o árbitro expulsou Pelé, que garantia que não estava brigando e culpava o companheiro Coutinho.

Quando se preparava para deixar o gramado, Pelé ouviu de um integrante da comissão técnica: 'Tiraram o juiz, botaram o bandeirinha para apitar e você volta', afirmou o ex-jogador numa entrevista coletiva, aos risos.

Todos queriam vê-lo jogar. O Santos fazia excursões mundo afora para plateias ávidas por vê-lo em ação, e Pelé recebeu muitas propostas para deixar o país.

'Eu fiquei no Santos por toda a minha carreira porque eu quis ficar. Tive proposta para ir para o Real Madrid, para o Milan, para vários clubes. Só saí do Santos para ir para o Cosmos para levar o futebol para os Estados Unidos', dizia o ex-jogador, que encerrou sua carreira em 1977.

Em 2000, a Fifa o escolheu como o maior jogador de futebol do Século 20, numa polêmica eleição que teve o argentino Diego Maradona como líder na votação pela internet, e o brasileiro como o escolhido por especialistas. A entidade que controla o futebol mundial acabou concedendo o prêmio principal a Pelé, enquanto Maradona levou a premiação 'Fifa Internet'.

A 'competição' com Maradona sobre o melhor de todos os tempos não incomodava Pelé.

Em entrevista à Reuters em 2010, o brasileiro disse que 'primeiro os argentinos têm que resolver quem é o melhor deles', argumentando que já quiseram compará-lo com Alfredo Di Stéfano, argentino naturalizado espanhol, além de Maradona, que mais recentemente teve também a 'concorrência' de Lionel Messi na preferência dos argentinos.

Quando Maradona morreu, em novembro de 2020, vítima de um ataque cardíaco, Pelé o homenageou em suas redes sociais, deixando de lado a controvérsia e as algumas vezes em que foi publicamente criticado pelo argentino. O rei do futebol disse que perdeu um amigo.

'Com certeza um dia vamos bater uma bola juntos lá no céu', disse Pelé à época por meio de sua assessoria de imprensa.

PELÉ E EDSON

Em função de sua notoriedade, Pelé teve uma vida agitada também fora dos campos. Atuou como músico e ator em algumas novelas e filmes e, depois de abandonar o futebol, se tornou embaixador para Ecologia e Meio Ambiente (ONU, em 1992), embaixador da Boa Vontade (Unesco, em 1993), e embaixador para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco, em 1994).

Foi ainda embaixador honorário do Brasil para a Copa do Mundo de 2014, embora não tenha participado muito do Mundial e tenha criticado a competição em alguns momentos, por causa dos atrasos nos preparativos.

Sempre questionado sobre todos os assuntos relacionados ao futebol, Pelé era famoso por fazer previsões equivocadas, como a de que a Colômbia poderia ser campeã mundial em 1994 ou de que uma seleção africana ganharia um título mundial até o fim do milênio passado.

Muitas vezes, confrontado com declarações polêmicas ou com situações controversas de sua vida pessoal, ele próprio buscava separar a lenda do homem: a primeira era o Pelé, o segundo o Edson.

A função mais importante que exerceu como ex-jogador foi a de ministro do Esporte, de 1995 a 1998, no governo Fernando Henrique Cardoso, quando fez a Lei Pelé, que acabou com o passe no futebol brasileiro.

A medida, saudada à época como uma Lei Áurea dos jogadores, foi frequentemente alvo de reclamações posteriormente e apontada por críticos como um dos fatores que colaborou para as dificuldades de muitos clubes brasileiros acostumados a produzir craques em série.

Pelé também gostava de ressaltar a importância da família em sua vida e carreira. Em 1966, ele casou-se com Rosemeri Cholbi, com quem teve três filhos: Kelly Cristina, Jennifer e Edson (Edinho), que foi goleiro do Santos e depois teve problemas com a Justiça e chegou a ser preso. O casamento terminou em 1978.

Pelé ainda teve duas filhas: Flávia Kurtz, reconhecida publicamente em 2002, e Sandra Regina, que morreu em 2006 após travar uma longa batalha judicial pelo reconhecimento de sua paternidade.

Em 1994, o ex-jogador se casou com Assíria Lemos, com quem teve mais dois filhos, os gêmeos Joshua e Celeste. Eles se separaram em 2008.

'Sempre achei que a família é a base de tudo, e mesmo com as duas separações, nós somos muito unidos, temos muita amizade, e isso é uma coisa que eu preservo', afirmou Pelé durante uma entrevista.

Escrito por Reuters

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FOREIGNER SE DESPEDE DOS FÃS BRASILEIROS COM SHOW HISTÓRICO EM SÃO PAULO

A lendária banda Foreigner se despediu dos fãs brasileiros com um super show em São Paulo, na noite do último sábado, em uma apresentação marcada por emoção, energia e celebração. O evento, que aconteceu no Espaço Unimed, faz parte da turnê mundial de despedida do grupo e contou com a participação especial do vocalista original Lou Gramm, consolidando-se como um momento inesquecível para os fãs de rock clássico.

Como antecipado em entrevista exclusiva à Rádio Antena 1 pelo próprio Lou Gramm, a passagem pelo Brasil teria um significado especial. E assim foi: ao invés de um clima de tristeza, o que se viu foi uma verdadeira festa em homenagem ao legado de uma das maiores bandas do rock americano das décadas de 70 e 80.

Double Trouble Tour aquece o público com clássicos e surpresas

A noite começou em alto nível com a abertura da "Double Trouble Tour", projeto que reuniu os vocalistas Eric Martin (Mr. Big) e Jeff Scott Soto (Yngwie Malmsteen, Journey), acompanhados pela competente banda Spektra, formada por Leo Mancini (guitarra), Edu Cominato (bateria), BJ (teclados e vocais) e Henrique Baboon (baixo).

No repertório, sucessos das bandas pelas quais os cantores passaram, como "To Be With You" e "Wild World", do Mr. Big, além da poderosa "Separate Ways", do Journey, que permitiu a Soto mostrar toda sua força vocal. A surpresa da noite ficou por conta de uma cover intensa de "Crazy", de Seal, provando a versatilidade dos músicos em cena.

Foreigner entrega performance impecável na turnê de despedida

Após a abertura arrebatadora, foi a vez do Foreigner subir ao palco — e mostrar por que ainda é referência quando se fala em rock de arena. Com uma performance carregada de emoção e qualidade técnica, Jeff Pilson, Michael Bluestein, Bruce Watson, Chris Frazier e Luis Carlos Maldonado conduziram o público por uma viagem sonora de quase cinco décadas de história.

“Arrisco a dizer que Maldonado foi o grande destaque da noite — se isso for possível diante da qualidade técnica dos outros integrantes do grupo. Fiquei impressionado ”, comentou o jornalista João Carlos Santana, da Rádio Antena 1.

A setlist, fiel àquela apresentada em outras datas da turnê pela América Latina, incluiu todos os grandes sucessos da banda (confira abaixo). E, no momento mais aguardado da noite, Lou Gramm subiu ao palco para cantar as quatro últimas músicas do show, em um ato simbólico que representou não apenas a origem musical da banda, mas também o respeito mútuo entre artista e público.

Set List - Foreigner - São Paulo, 10 de maio de 2025

1. "Double Vision"
2. "Head Games"
3. "Cold as Ice"
4. "Waiting for a Girl Like You"
5. "That Was Yesterday"
6. "Dirty White Boy"
7. "Feels Like the First Time"
8. "Urgent"
9. Keyboard Solo
10. Drum Solo
11. "Juke Box Hero" (with Lou Gramm)
12. "Long, Long Way From Home" (with Lou Gramm)
13. "I Want to Know What Love Is" (with Lou Gramm)
14. "Hot Blooded" (with Lou Gramm)

Uma despedida inesquecível e novos planos para 2026

A noite de sábado entrou para a história tanto para os fãs quanto para os músicos do Foreigner. Um evento raro, emocionante e tecnicamente impecável (com direito a solos de teclado e bateria). Mas para aqueles que ainda sonham em ver a banda ao vivo uma última vez, há uma última chance.

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