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ONU aguarda com cautela retorno de Donald Trump ao poder

Placeholder - loading - António Guterres e Donald Trump na sede da ONU em Nova York  18/9/2017    REUTERS/Lucas Jackson
António Guterres e Donald Trump na sede da ONU em Nova York 18/9/2017 REUTERS/Lucas Jackson

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Por Michelle Nichols

NAÇÕES UNIDAS (Reuters) - A Organização das Nações Unidas tem se planejado para o possível retorno de Donald Trump e os cortes no financiamento e no envolvimento dos Estados Unidos com o órgão mundial que provavelmente virão com seu segundo mandato como presidente.

Houve uma sensação de 'déjà vu e alguma apreensão' no órgão mundial de 193 membros, disse um diplomata asiático sênior, quando o republicano Trump venceu as eleições norte-americanas de terça-feira sobre a vice-presidente democrata Kamala Harris.

'Há também alguma esperança de que um governo transacional envolva a ONU em algumas áreas, mesmo que seja para retirar o financiamento de alguns dossiês. Afinal de contas, que palco global maior e melhor existe do que as Nações Unidas?', disse o diplomata, falando sob condição de anonimato.

Um recuo dos EUA na ONU poderia abrir as portas para a China, que vem aumentando sua influência na diplomacia global.

Trump ofereceu poucos detalhes específicos sobre a política externa em seu segundo mandato, mas seus partidários dizem que a força de sua personalidade e sua abordagem de 'paz por meio da força' ajudarão a submeter líderes estrangeiros à sua vontade. Ele prometeu resolver a guerra na Ucrânia e espera-se que dê forte apoio a Israel em seus conflitos com o Hamas e o Hezbollah em Gaza e no sul do Líbano.

Entre as principais preocupações da ONU estão se os Estados Unidos decidirão contribuir com menos dinheiro para o órgão mundial e se retirarão das principais instituições e acordos multinacionais, incluindo a Organização Mundial da Saúde e o acordo climático de Paris.

O financiamento dos EUA é a preocupação imediata. Washington é o maior contribuinte da ONU -- com a China em segundo lugar -- respondendo por 22% do orçamento principal da ONU e 27% do orçamento de manutenção da paz.

Um país pode ficar até dois anos em atraso antes de enfrentar a possível repercussão de perder seu voto na Assembleia Geral.

'EXTREMAMENTE DIFÍCIL'

Trump chegou ao poder da última vez propondo cortar cerca de um terço dos orçamentos da diplomacia e da ajuda dos EUA, o que incluía reduções acentuadas no financiamento para a manutenção da paz da ONU e organizações internacionais. Mas o Congresso, que define o orçamento federal do governo dos EUA, rejeitou a proposta de Trump.

Um porta-voz da ONU disse na época que os cortes propostos teriam impossibilitado a continuidade de todo o trabalho essencial.

'O secretariado da ONU sabia que poderia enfrentar um retorno de Trump durante todo o ano. Houve um planejamento prudente nos bastidores sobre como administrar possíveis cortes no orçamento dos EUA', disse Richard Gowan, diretor da ONU no International Crisis Group.

'Portanto, (o secretário-geral da ONU, António) Guterres e sua equipe não estão totalmente despreparados, mas sabem que o próximo ano será extremamente difícil', declarou ele.

A equipe de Trump não respondeu imediatamente a uma pergunta sobre sua política em relação à ONU depois que ele assumir o cargo em janeiro.

Escrito por Reuters

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