Palestinos mostram cautela em início de cessar-fogo em Gaza
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Por Arafat Barbakh e Mohammad Salem
KHAN YOUNIS, Gaza (Reuters) - Muitos palestinos saíram nesta sexta-feira de abrigos improvisados no início do cessar-fogo de quatro dias em Gaza para iniciarem uma longa jornada de volta para suas casas.
Na cidade de Khan Younis, ao sul, que tem abrigado milhares de famílias deslocadas, inclusive do norte de Gaza, fortemente bombardeado por Israel, as ruas estavam lotadas de pessoas em movimento.
Centenas de pessoas estavam indo em direção ao norte, apesar de Israel ter espalhado panfletos alertando-as para não voltarem a uma área que descreveu como sendo ainda uma perigosa zona de guerra.
Homens, mulheres e crianças carregavam seus pertences em sacos plásticos, sacolas de compras e mochilas. Uma família se sentou na parte de trás de uma carroça cheia de sacolas e puxada por um burro.
Algumas pessoas olhavam para o céu, como se quisessem verificar se não corriam o risco de serem atacadas por aviões de guerra israelenses.
'Estou voltando para minha casa, nossos corações estão descansados, especialmente porque há um cessar-fogo oficial de quatro dias, melhor do que voltar a viver em tendas', disse Ahmad Wael, caminhando com um grande colchão na cabeça.
A Organização das Nações Unidas (ONU) afirma que cerca de dois terços dos 2,3 milhões de habitantes de Gaza estão desabrigados, incluindo a maior parte da população da cidade de Gaza e o restante da metade norte do enclave, reduzida a um terreno em ruínas pelos repetidos ataques de Israel.
Khan Younis, a principal cidade do sul, também não estava segura. Muitos de seus edifícios estão agora em escombros, destruídos por ataques israelenses.
'Ainda estamos hesitantes e com medo', disse Souad Abou Nasirat, morador de Khan Younis.
As agências da ONU expressaram esperança de que a trégua permita que ajuda humanitária chegue ao norte de Gaza pela primeira vez em semanas.
Alguns palestinos em Khan Younis dizem que esperarão até o fim da guerra para voltar para casa.
'Mesmo se eu voltasse para casa, tenho medo de ir e haver outro ataque na área e eu morrer. Só voltarei para lá quando a guerra terminar', disse Ahmad Kabalan, de 80 anos, cuja casa fica a leste de Khan Younis.
'Não confio no que Israel promete, não tenho fé neles, nem mesmo por uma hora. E se houver um bombardeio de artilharia? Não acredito nesse cessar-fogo.'
Escrito por Reuters
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