Papa diz que só ricos conseguem ter filhos na Itália
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Por Crispian Balmer
ROMA (Reuters) - Iniciar uma família na Itália está se tornando um 'esforço titânico' que só os ricos podem pagar, disse o papa Francisco nesta sexta-feira, alertando que as condições 'selvagens' do livre mercado estão impedindo os jovens de terem filhos.
Os nascimentos na Itália caíram abaixo de 400.000 em 2022 pela primeira vez, registrando uma 14ª queda anual consecutiva, com a população geral diminuindo em 179.000, para 58,85 milhões.
Falando em uma conferência sobre a crescente crise demográfica, Francisco disse que a queda na taxa de natalidade sinaliza uma falta de esperança no futuro, com as gerações mais jovens sobrecarregadas por um sentimento de incerteza, fragilidade e precariedade.
'Dificuldade em encontrar um emprego estável, dificuldade em manter um, casas proibitivamente caras, aluguéis altíssimos e salários insuficientes são problemas reais', disse ele, sentado ao lado da primeira-ministra italiana Giorgia Meloni.
'O livre mercado, sem as medidas corretivas necessárias, torna-se selvagem e produz situações e desigualdades cada vez mais graves', acrescentou.
O papa disse que animais de estimação estão substituindo crianças em alguns lares e contou como uma mulher em uma audiência recente abriu sua bolsa e pediu uma bênção papal para 'seu bebê', apenas para revelar que era um cachorro.
'Perdi a paciência e a repreendi dizendo que muitas crianças estão passando fome e você me traz um cachorro', disse ele.
Mas ele reconheceu que há 'restrições quase intransponíveis' para as jovens forçadas a escolher entre a carreira e a maternidade. Dados os altos custos envolvidos na criação dos filhos, as pessoas estão revisando suas prioridades, acrescentou.
Uma população cada vez menor é uma grande preocupação para o terceiro maior país da zona do euro, com o ministro da Economia alertando esta semana que o PIB da Itália corre o risco de cair 18 pontos percentuais nas próximas duas décadas se as atuais tendências de natalidade continuarem.
(Por Crispian Balmer)
Escrito por Reuters
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