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Papa encerra viagem à Mongólia e diz que Igreja não está empenhada em conversão

Placeholder - loading - Papa Francisco na Mongólia  3/9/2023   REUTERS/Carlos Garcia Rawlins
Papa Francisco na Mongólia 3/9/2023 REUTERS/Carlos Garcia Rawlins

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Por Philip Pullella

ULAANBAATAR (Reuters) - O papa Francisco encerrou nesta segunda-feira uma viagem histórica à Mongólia que assumiu conotações internacionais por causa dos acenos do pontífice à vizinha China sobre liberdade de religião.

No final de uma missa no domingo, o papa enviou saudações à China, chamando seus cidadãos de um povo 'nobre' e pedindo aos católicos da China que sejam 'bons cristãos e bons cidadãos'.

Na segunda-feira, o Ministério das Relações Exteriores da China disse que tem adotado uma atitude positiva para melhorar as relações com o Vaticano.

Pequim mantém comunicação com o Vaticano, afirmou a porta-voz do ministério, Mao Ning, em uma coletiva de imprensa, quando perguntada sobre os comentários do papa na Mongólia.

O principal objetivo da viagem de Francisco era visitar a pequena comunidade católica. Ele encerrou sua missão de cinco dias na segunda-feira com uma parada para inaugurar a Casa da Misericórdia, que oferece assistência médica aos mais necessitados na capital da Mongólia, bem como aos sem-teto, vítimas de abuso doméstico e imigrantes.

Situada em uma escola reformada e idealizada pelo principal clérigo católico da Mongólia, o cardeal italiano Giorgio Marengo, a Casa da Misericórdia coordenará o trabalho de instituições missionárias católicas e voluntários locais.

'O verdadeiro progresso de uma nação não é medido pela riqueza econômica, muito menos pelo investimento no poder ilusório dos armamentos, mas por sua capacidade de prover a saúde, a educação e o desenvolvimento integral de seu povo', disse Francisco na casa.

Ele também afirmou que queria dissipar 'o mito' de que o objetivo das instituições católicas era converter as pessoas à religião, 'como se cuidar dos outros fosse uma forma de seduzir as pessoas a 'se juntarem''.

A Mongólia, majoritariamente budista, tem apenas 1.450 católicos em uma população de 3,3 milhões de habitantes e, no domingo, praticamente toda a comunidade católica estava sob o mesmo teto que o papa.

Na segunda-feira, cerca de duas dezenas de católicos chineses cercaram a comitiva do papa tentando receber suas bênçãos.

Os devotos, que se identificaram como católicos da China continental e usavam uniformes com a frase 'Love Jesus', se aglomeraram do lado de fora da Casa da Misericórdia.

Quando a comitiva de Francisco saiu do centro, eles cantaram um hino cristão dedicado ao papa em mandarim e tentaram driblar a segurança e alcançar seu carro. Uma mulher conseguiu passar pela segurança e recebeu uma bênção.

'Estou muito feliz, não consigo nem controlar minhas emoções agora', disse a mulher.

A Mongólia fez parte da China até 1921 e a viagem do papa foi marcada por alusões ou apelos à superpotência, onde o Vaticano tem relações difíceis com o Partido Comunista no poder.

No sábado, em palavras que pareciam ser dirigidas à China e não à Mongólia, Francisco disse que os governos não têm nada a temer da Igreja Católica porque ela não tem agenda política.

Pequim tem seguido uma política de 'sinicização' da religião, tentando eliminar as influências estrangeiras e impor a obediência ao Partido Comunista.

A constituição da China garante a liberdade religiosa, mas nos últimos anos o governo aumentou as restrições às religiões vistas como um desafio à autoridade do partido.

(Reportagem de Philip Pullella e Joseph Campbell)

Escrito por Reuters

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