Paquistão nomeia gabinete provisório antes de possível adiamento de eleições
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Por Ariba Shahid e Mubasher Bukhari
CARACHI (Reuters) - O Paquistão empossou um gabinete provisório sob o primeiro-ministro interino Anwaar-ul-Haq Kakar nesta quinta-feira, incumbindo-o de administrar o país até a realização de novas eleições, que podem ser adiadas para além de novembro, à medida que distritos eleitorais são redesenhados.
O principal trabalho do gabinete interino será conduzir o Paquistão à estabilização econômica, com a economia de 350 bilhões de dólates trilhando um caminho estreito de recuperação, após obter acordo de resgate de última hora de 3 bilhões de dólares do Fundo Monetário Internacional (FMI), evitando um calote da dívida soberana.
A comissão eleitoral disse nesta quinta-feira que novos distritos eleitorais com base no último censo serão finalizados até 14 de dezembro, informou a TV estatal. Depois disso, a comissão confirmará a data da eleição.
Especialistas eleitorais sugeriram que o processo possa fazer com que a votação nacional seja adiada vários meses, possivelmente até fevereiro. Segundo a constituição, as eleições devem ser realizadas dentro de 90 dias após a dissolução da câmara baixa do Parlamento, o que neste caso significaria o início de novembro.
No gabinete interino, a ex-presidente do banco central Shamshad Akhtar foi nomeada ministra das Finanças e o ex-embaixador do Paquistão nos Estados Unidos Jalil Abbas Jilani foi nomeado ministro das Relações Exteriores, disse o novo ministro da Informação, Murtaza Solangi.
O principal desafio para o governo interino e seu sucessor continua sendo a economia. Reformas econômicas recentes levaram a níveis históricos de inflação e juros altos, pressionando pessoas comuns e empresas.
Kakar, um político pouco conhecido que se acredita ser próximo dos militares, prestou juramento na segunda-feira depois que o presidente Arif Alvi dissolveu o Parlamento na semana passada, a conselho do primeiro-ministro cessante, Shehbaz Sharif.
Analistas políticos dizem que, se a configuração provisória se estender além de seu mandato constitucional, um período prolongado sem um governo eleito permitiria que os militares, que têm governado o país diretamente por mais de três décadas de seus 76 anos de existência, consolidassem o controle.
O partido de oposição liderado pelo ex-primeiro-ministro Imran Khan acusou a coalizão de Sharif de tentar evitar uma eleição à medida que a popularidade de Khan crescia. Ele está atualmente preso em função de uma condenação por acusações decorrentes da venda de presentes do Estado.
Khan negou qualquer irregularidade e seus advogados estão interpondo recursos contra a condenação.
Escrito por Reuters
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