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Pesquisadores estudam novos tratamentos para câncer raro

O câncer do córtex adrenal é bastante raro e, atualmente, as opções de tratamento não são tão variadas.

Placeholder - loading - Cientista manuseando tubos de ensaio (Foto: Pixabay)
Cientista manuseando tubos de ensaio (Foto: Pixabay)

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Pesquisadores brasileiros conseguiram um feito inédito: reproduzir camundongos geneticamente modificados para estudar formas de combater o câncer do córtex adrenal.

Em parceria com a Universidade Harvard, nos Estados Unidos, os cientistas brasileiros, da Universidade de São Paulo em Ribeirão Preto, estudam uma forma de lutar contra a doença, que é um dos tumores mais raros e agressivos no mundo.

Câncer do córtex adrenal

O córtex adrenal é a camada externa das glândulas suprarrenais, localizadas acima dos rins e responsáveis pela fabricação de hormônios essenciais para o funcionamento do organismo.

Segundo informações do Hospital Infantil Sabará, esse tipo de câncer é muito raro, representando entre 0,5 e 2 casos por milhão. A maioria desses tumores produz excesso de hormônios, o que pode alterar o equilíbrio hormonal. Entre os sintomas, estão hipertensão arterial, fraqueza dos ossos e diabetes.

A doença atinge, principalmente, crianças e jovens com até 15 anos de idade e mulheres. Como o tumor aumenta a produção de hormônios, ele causa ganho de peso, retenção de líquidos, puberdade precoce e crescimento excessivo de pelos faciais ou corporais.

“As opções de terapia para esse tipo de paciente são muito limitadas. A maioria dos pacientes acaba evoluindo a óbito e a necessidade de novas formas de tratamento é urgente para esse grupo de indivíduos”, explica o biomédico e pesquisador Kleiton Silva Borges.

Tratamento

Quando a doença é diagnosticada em estágio inicial, a cirurgia é o tratamento padrão. Mas, apesar da remoção total do tumor, o prognóstico nem sempre é positivo devido à alta chance de metástases.

A quimioterapia e a radioterapia são geralmente menos eficazes no tratamento deste tipo de câncer e se aplicam se ele já se espalhou. A quimioterapia também pode ser uma opção caso haja um alto risco de recidiva do câncer.

Ainda segundo informações do Hospital Infantil Sabará, o mitotano é o medicamento mais utilizado para tratar a doença, pois bloqueia a produção de hormônio da glândula supra-renal e destrói as células adrenais cancerosas. Mas, apesar de eficaz, ele causa efeitos colaterais severos.

Caso o tratamento com o mitotano não seja efetivo, outras drogas com efeito similar podem ser administradas. Atualmente, novos tratamentos com drogas e radiação estão sendo investigados. Entre eles, terapia gênica e imunoterapia.

Casos

Segundo pesquisas feitas pela Universidade de São Paulo e pela Universidade Federal do Paraná, a incidência da doença é quase dez vezes maior nos estados de São Paulo e Paraná, chegando a 3 ou 4 casos diagnosticados a cada 1 milhão de pessoas.

“O Brasil é o país do mundo com mais casos de tumor do córtex adrenal. A partir do momento em que a gente tem um modelo para estudar, pode desenvolver novos tipos de tratamento, tanto para pacientes adultos, quanto para pacientes pediátricos”, diz Borges.

Estudo

O pesquisador afirma que o estudo é inédito. A partir de mutações genéticas, foi possível reproduzir camundongos que desenvolveram o câncer com características muito parecidas às diagnosticadas em humanos.

Esse modelo criado em laboratório é chamado de “in vitro” e, a partir dele, é possível estudar novas formas de diagnóstico e novas formas de tratamento para o tumor.

No estudo, os camundongos são acompanhados dia a dia, desde o nascimento. Os pesquisadores realizam testes moleculares para entender a biologia do tumor e buscar novas formas de tratamento. Não há, no entanto, previsão de início dos testes em humanos.

“Agora, a gente vai buscar formas para ativar o sistema imune, para que ele possa atacar o tumor e sugerir formas de tratamento para os pacientes”, explica Borges.

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