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PF prende militares e policial suspeitos de planejar golpe de Estado em 2022 com morte de Lula

Placeholder - loading - Luiz Inácio Lula da Silva ao lado de Geraldo Alckmin e Alexandre de Moraes na cerimônia de diplomação de Lula e Alckmin como presidente e vice-presidente eleitos em dezembro de 2022 12/12/2022 REUTERS
Luiz Inácio Lula da Silva ao lado de Geraldo Alckmin e Alexandre de Moraes na cerimônia de diplomação de Lula e Alckmin como presidente e vice-presidente eleitos em dezembro de 2022 12/12/2022 REUTERS

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Por Ricardo Brito

BRASÍLIA (Reuters) -A Polícia Federal prendeu nesta terça-feira quatro militares e um agente da própria PF em uma operação para desarticular organização criminosa suspeita de planejar um golpe de Estado para impedir a posse do governo eleito na eleição de 2022, com planos de assassinato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do vice Geraldo Alckmin.

O general de brigada do Exército Mario Fernandes, atualmente na reserva e que foi secretário-executivo da Secretaria-Geral da Presidência no governo Jair Bolsonaro, está entre os presos, segundo decisão do ministro Alexandre de Morares divulgada pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

Moraes, que é responsável no Supremo por inquéritos que investigam Bolsonaro e pelas investigações dos ataques às sedes dos Três Poderes em 8 de janeiro de 2023, também estava entre os alvos do grupo golpista, de acordo com as investigações.

O plano de execução das autoridades foi encontrado com o general da reserva Fernandes, segundo uma fonte com conhecimento direto da investigação. Ele ocupou a segunda posição na hierarquia da Secretaria-Geral da Presidência sob o então ministro Luiz Eduardo Ramos, também general do Exército e que é próximo de Bolsonaro.

Além de Fernandes, o policial federal Wladimir Matos Soares e mais três militares das forças especiais do Exército, conhecidos como 'kids pretos', também presos pela PF nesta terça-feira.

De acordo com uma fonte da PF, ao menos um dos militares presos no Rio de Janeiro no âmbito da operação participaria do esquema de segurança da cúpula do G20 que acontece esta semana na cidade como integrante da operação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) das Forças Armadas. O Exército negou essa informação.

'Os militares da ativa não se encontravam participando da Operação de GLO na Cúpula do G20', disse o Centro de Comunicação Social do Exército em nota.

Segundo a Força, entre os militares presos no Rio, dois deles estavam na cidade para participar de cerimônias de conclusão de cursos de familiares e amigos e um terceiro participaria de outras atividades, sem fazer parte do efetivo empregado na operação de GLO.

'Este Centro informa, ainda, que a Força não se manifesta sobre processos em curso, conduzidos por outros órgãos, procedimento que tem pautado a relação de respeito do Exército Brasileiro com as demais instituições da República', acrescentou.

A Reuters não conseguiu localizar de imediato as defesas dos envolvidos.

ENVENENAMENTO E CAPTURA

Segundo comunicado da PF, as investigações apontam que a organização criminosa utilizou elevado nível de conhecimento técnico-militar para planejar, coordenar e executar ações ilícitas nos meses de novembro e dezembro de 2022, quando Bolsonaro ainda ocupava a Presidência.

'Entre essas ações, foi identificada a existência de um detalhado planejamento operacional, denominado 'Punhal Verde e Amarelo', que seria executado no dia 15 de dezembro de 2022, voltado ao homicídio dos candidatos à Presidência e Vice-Presidência da República eleitos', disse a PF em nota.

Segundo a representação da PF citada na decisão judicial, as investigações descobriram que foram considerados vários cenários para a execução de Lula, Alckmin e Moraes. No caso do presidente, chamado pelo grupo de 'Jeca', 'a possibilidade de utilização de envenenamento ou uso de químicos para causar um colapso orgânico'.

No caso de Moraes, chegou-se a cogitar a execução dele 'com o uso deartefato explosivo e por envenenamento em evento oficial público'.

'Há uma citação aos riscos da ação, dizendo que os danos colaterais seriam muito altos, que a chance de 'captura' seria alta e que a chance de baixa (termo relacionado a morte no contexto militar) seria alto', afirmou a PF.

A polícia destacou que o documento do planejamento operacional da chamada operação 'Punhal Verde Amarelo' foi impresso por Fernandes no Palácio do Planalto no dia 9 de dezembro de 2022 'e posteriormente levado até o Palácio da Alvorada, local de residência do presidente da República, Jair Bolsonaro'.

O planejamento elaborado pelos investigados, de acordo com a nota da PF, detalhava recursos humanos e bélicos necessários para as ações, com uso de técnicas operacionais militares avançadas. Ainda haveria uma posterior instituição de um 'Gabinete Institucional de Gestão de Crise', a ser integrado pelos próprios investigados para o gerenciamento de conflitos institucionais originados em decorrência das ações, segundo a PF.

Além dos cinco mandados de prisão preventiva, foram cumpridos três mandados de busca e apreensão e 15 medidas cautelares diversas da prisão, que incluem a proibição de manter contato com os demais investigados; a proibição de se ausentar do país, com entrega de passaportes no prazo de 24 horas; e a suspensão do exercício de funções públicas.

Os mandados foram cumpridos no Rio de Janeiro, Goiás, Amazonas e Distrito Federal.

O ministro da Secretaria de Comunicação Social, Paulo Pimenta, lembrou que o plano para executar as autoridades ocorreria três dias após a diplomacia de Lula e Alckmin por Moraes, então presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

'Foi uma tentativa de golpe de Estado e pessoas ligadas diretamente ao ex-presidente. Esse secretário que foi (preso) era secretário-executivo do ex-presidente e atuava dentro do Palácio do Planalto', disse.

'Esse coronéis são de uma área sensível do Exército e a investigação tem que ser levada às últimas consequências para que os que atentam contra a democracia paguem por isso. Crime contra democracia não pode ser tolerado e não se pode falar em anistia“, reforçou.

(Reportagem adicional de Rodrigo Viga Gaier e Eduardo SimõesEdição de Pedro Fonseca)

Escrito por Reuters

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