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Podcast Lado Pessoal: Luiz Fernando Lenski

Com Millena Machado

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Podcast Lado Pessoal. Podcast semanal com Millena Machado. Crédito da imagem: Antena 1

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Apresentado pela Millena Machado, Lado Pessoal vai te levar até o universo particular dos CEOs. Com um formato descontraído, você vai conhecer aspectos da vida pessoal, decisões impactantes, mudanças de localidade, e, ainda, qual música inspirou os momentos importantes na vida de cada um dos CEOs.

Transcrito:

PODCAST Nº 08 – julho/2022 (2ª temporada)

Legendas:

MM: = Millena Machado (Apresentadora do podcast, Lado Pessoal).

LF: = Luiz Fernando Lenski (Entrevistado)

Está no ar... Lado Pessoal, com Millena Machado, o Podcast de entrevistas da Rádio Antena 1! Vinheta da Antena 1.

Música de introdução deste Podcast: City Of Blinding Lights – U2.

[0:00:31] - MM: Olá... Está no ar, Lado Pessoal, o podcast da Rádio Antena 1 que bate um papo descontraído e sincero com os executivos que lideram as maiores empresas que atuam no Brasil. Eu sou Millena Machado, e hoje revelando o seu lado pessoal pra gente, o CEO da Víncula Implantes, Luiz Fernando Lenski, mais conhecido como Lenski. Lenski, seja muito bem-vindo!

[0:00:56] – LF: 4Obrigado, Millena!... Bom dia, e bom dia a todos que nos ouvem também.

[0:01:01] – MM: Muito bem! Essa música a gente já começa o nosso bate papo com um astral l”. Quando eu coloquei pra escutar, aqui, antes de te entrevistar, eu fiquei pensando: qual será a cidade, no mundo, que mais mexe com ele, seu lugar favorito, hein?

[0:01:20] – LF: Uau... Uau! É... Eu tenho uma história muito particular de... com cidades, porque... é... o meu pai era bancário no interior de São Paulo, e eu, até os 16 anos, 17 anos, quando eu saí de casa e vim pra São Paulo pra estudar, tal, eu morei em várias cidades, né, então eu não tenho necessariamente uma raiz em algum lugar. Mas a partir disso, também, eu criei uma... uma mente aberta pra, literalmente, estar experimentando novos lugares né, e como eu também tive a oportunidade de morar próximo de Nova York, certamente essa é uma cidade que me influenciou muito e é incrível, assim como São Paulo. Eu falo que a minha saída logo cedo saindo de casa, do interior né, aquele... aquele garoto que vem lá do... do interior com uma série de... de leituras de São Paulo e as novidades, isso há muito tempo atrás né, você chegando numa cidade dessa aqui é... é um desafio grande, mas super emocionante; então acho que tem essas duas cidades, até pelo que elas representaram e marcaram na minha vida entre tantas outras, é... muito... eu acho que eu citaria e ficaria com as duas.

[0:02:39] – MM: É... É em São Paulo e Nova York que seu coração pulsa! Mas onde você nasceu?

[0:02:44] – LF: Eu nasci em São Manoel... É uma cidadezinha....

[0:02:47] – MM: Ahhh... Interior de São Paulo

[0:02:47] – LF: Interior de São Paulo, pequena e entre Botucatu e Bauru.

[0:02:53] – MM: Sim, sim... Que legal! Uma natureza bonita lá, eu conheço!

[0:02:58] – LF: Eu adoro!

[0:02:58] – MM: E me conta uma coisa, você falou do seu pai, bancário né? Sabe que a gente tem uma diferença de idade, eu sou dos anos 80, você é dos anos 70, certo?

[0:03:07] – LF: Eu sou dos anos... do final dos anos 60.

[0:03:10] – MM: Ah... Um pouquinho antes.

[0:03:13] – LF: Eu sou um pouquinho antes.

[0:03:13] – MM: Então, eu me lembro... Até na minha época, no começo, assim, nos anos 80, mas eu me lembro que as pessoas que trabalhavam em Banco nesses anos 70, 80, tinham a missão de desbravar o Brasil né?

[0:03:25] – LF: Sem dúvida.

[0:03:25] – MM: De levar as agências bancárias pelas outras cidades né, então, era muito comum quem trabalhava em Banco mudar bastante de cidade mesmo. E aí você não consegue citar um melhor amigo da sua infância ou da sua adolescência? Rsrsrs...

[0:03:38] – LF: Não, eu tive alguns grandes amigos, mas é muito difícil, esse é um ponto super sensível, realmente, né, e como tudo na vida você tem prós e contras.

[0:03:49] – MM: É....

[0:03:49] – LF: E contras, né? É... Eu fui... Quando eu vim pra São Paulo eu já tinha morado em 9 cidades diferentes, e eu vim pra São Paulo com 18 anos.

[0:03:59] – MM: Uau!

[0:03:59] – LF: Então você imagina né? Tirando o tempo médio aí, 2 anos em cada cidade, e sempre no interior de São Paulo, e tenho muito disso; tenho muito disso do meu pai estar desbravando cidades pequenininhas do Interior, cidades de 6000 habitantes, 7000 habitantes naquela época. O que, se por um lado é... trouxe uma capacidade de... de você né, não ter dificuldade com o logro e estar sempre aberto a este logro, porque eu fui moldado assim, né, traz um pouco do que eu vejo, por exemplo, com a minha esposa hoje, que ela tem muito mais raízes em colégios, com amizades de longa, longa data. Eu tenho amigos ainda que eu cultivo, mas esses amigos são mais de, sei lá, 16, 17 anos pra frente do que aqueles realmente da infância ali com 7, 8, 9 anos das cidades em que eu passei.

[0:04:52] – MM: Entendi. Aí, hoje, pros seus filhos, você faz diferente ou faz igual? Como é que é, assim, as suas... a sua trajetória profissional, também, te leva pra lá e pra cá?

[0:05:04] – LF: Não, não, não! É... poderia me levar, poderia me levar. Eu acho que o primeiro... o primeiro ponto é... importante de tudo isso é assim, são as circunstâncias; então, eu tive uma circunstância de vida muito diferente das circunstâncias que eles estão vivendo, que os meus filhos estão vivendo, né; então, como é... como aproveitar e tirar o máximo disso? Então, enquanto eu tive essa possibilidade de conhecer lugares diferentes né, de ter ainda que no Interior de São Paulo, mas tão né, são cidades, são escolas, ambiente social, totalmente diferentes, e numa parte de desenvolvimento da minha infância. Hoje eles têm... eles estão em São Paulo, né, e aí eles estão desde do início, a Marcela tem 11 anos, o Pedro tem 8, e desde o início eles estão no mesmo colégio, então eles estão fazendo o círculo de amizades deles neste ambiente muito mais... eu diria assim... eu não diria controlado né, mas muito mais... é... sem tanta movimentação.

[0:06:20] – MM: Uhum...

[0:06:20] - É claro que a pandemia traz, também, uma outra perspectiva, mas isso a gente fala em outro... talvez em outro momento aqui do nosso bate papo.

[0:06:28] – MM: É...

[0:06:30] – LF: Mas é... Eu não tento, assim, me restringir ou não tento fazer, porque eu tive uma experiência assim, ela foi proveitosa pra mim, pra eles também vai valer, até porque o mundo está muito diferente daquela época minha vivida. Aliás, ao contrário, eu costumo muito mais acompanhá-los e me adaptar àquilo que eles estão trazendo do que forçá-los a uma realidade que já não existe mais a que eu vivi; foi muito legal, foi muito proveitosa, mas não dá pra encaixar, exatamente, como eu vivi.

[0:06:58] – MM: Sabe que nessa música que você escolheu pra abrir o nosso podcast, a City of blinding lights do U2, tem alguns versos que me chamaram a atenção, não sei se são os mesmos que chamam atenção, mas eu até anotei aqui: “quanto mais se vê menos se sabe, quanto mais se sabe menos se sente”

[0:07:15] – LF: Exatamente!

[0:07:15] – MM: E você citou agora a questão da pandemia e tudo né...rs...

[0:07:18] – LF: Exatamente!

[0:07:18] – MM: E de você deixar a sua vida solta e ser conduzida pela nova geração, vamos dizer assim né ...

[0:07:25] – LF: Exatamente!

[0:07:25] – MM: O quê que tudo isso diz pra você? Porque você escolheu essa música, menino, pra abrir a nossa conversa?

[0:07:27] – LF: Você tocou no ponto que é o principal aí. Do U2 em si, marcou primeiro geração, então isso foi... foi... E entre tantas músicas de sucesso deles, essa me marcou especificamente, e quando eu vejo né, a atualidade dessa música, na letra assim, você mencionou, e é bem o início da música... “The more you see the less you know”, né, e assim, e é hoje o que a gente vê. Eu costumo dizer dentro do meu ambiente profissional e na minha... no meu ambiente social, eu acho que quem tem grandes certezas, hoje, tem que tomar cuidado porque é um grande iludido, porque a gente... essa capacidade nossa de se adaptar e essa capacidade nossa de se reinventar por coisas que a gente não controla e que em horas impacta, be time, todos nós, vive a pandemia né; agora tá um pouco mais controlado, mas a gente passou por um período grande de que decisões que a gente tinha que tomar hoje, amanhã elas poderiam ser, literalmente, serem pulverizadas, porque não...já mudou... já tinha mudado completamente, era uma nova variante, era um novo lockdown, era... Então, essa música, pra mim, tem esses dois aspectos: primeiro a marcação de uma geração e, dois, a... a... ela é uma música super atual, mesmo tendo anos e anos aí de... de estrada, e acho que você tocou nesse ponto principal, que é isso que me marca muito.

[0:09:01] – MM: É uma questão de humildade né, de consciência, de saber seu lugar no mundo né, de ter paciência...

[0:09:09] – LF: Exatamente! Exatamente!

[0:09:11] – MM: De confiar no amanhã mesmo não sabendo, não tendo ideia do futuro; tanta coisa boa, eu adorei essa sua escolha, viu, é muito... muito bacana; essa música provoca uma reflexão. Vamos falar um pouco sobre profissão?

[0:09:24] – LF: Claro!

[0:09:24] – MM: Porque você teve passagem por grandes empresas né, uma trajetória de sucesso: Alcoa, a Johnson & Johnson, Nestlé, e agora fazendo parte do Pátria, né? Nossa sua experiência profissional, se você pudesse passar um conselho né, ou compartilhar um aprendizado com alguém que também está nessa carreira executiva e que almeja chegar ao topo como você, se General Manager, ser CEO, ser Executive Director, o que você recomendaria como ponto de atenção? O quê que pode ofuscar nessa trajetória que pode impedir a pessoa de alcançar esse reconhecimento? Quais foram os principais desafios que você passou? Ou você quer citar um deles ou alguma oportunidade que fala: “— olha, se eu não tivesse vestindo óculos naquele momento, não enxergasse essa questão, teria passado e ... e a minha vida seria totalmente diferente”.

[0:10:17] – LF: É uma pergunta.... é... Não é uma pergunta simples, né, Millena, até porque, é... as experiências de vida, elas trazem muitos, muitos, muitos aprendizados. Eu, felizmente, tive a oportunidade de trabalhar em grandes empresas e grandes escolas, e vários elementos contribuíram com a minha carreira e... carreira que eu tenho bastante orgulho de olhar pra traz e ver tudo que aconteceu e da forma como aconteceu. E aí, quando a gente faz uma reflexão do que, de fato, contribuiu pra essa evolução e, obviamente, não foram só experiências positivas vividas, né; certamente, assim como todos, eu passei por momentos difíceis, momentos críticos né, mas tem alguns elementos aí que... é... eu acho que foram fundamentais. Primeiro, assim, se a gente falar e como você me perguntou no começo da... do nosso bate papo aqui, a minha formação é uma formação de interior, é uma formação de... de boa parte de escola pública, então eu fui... Quando eu cheguei em São Paulo pra fazer faculdade e pra começar a me desenvolver né, inclusive num... numa amplitude muito maior como ser humano, é... eu tive que me reinventar, constantemente, e aprender. Então, a abertura ou o aprendizado é uma característica que eu... que eu reforço importantíssima né, e que me trouxe muito, muito... muito benefício. Segundo, a gente acabou de tocar num ponto aqui, também, valor, né; a gente é sempre provocado, e têm muitas decisões que você não tem uma reposta pronta, uma resposta certa, assim, clara. Aonde é que você se apega? E aí, felizmente, eu tive a oportunidade de, na Johnson & Johnson formatar muito bem alguns conceitos e, principalmente, esse lance de valor, pela carta de valores da Johnson né, e por todo o significado que isto traz pra empresa e... de algo concreto o resultado que isso é... é demonstrado, que isso impacta. Então, isso me moldou de uma forma que hoje eu tenho muito claro esse ponto; e acho que o terceiro é ser genuíno, é ser genuíno com as pessoas, ser genuíno com aquilo que você se propõe a fazer, né, e sempre estar olhando... É óbvio que, no final do dia, você sempre tem um impacto pessoal, né, e a gente tem um ambiente competitivo que eu vivo, a gente sempre tem o objetivo de estar crescendo, estar se desenvolvendo e estar produzindo mais e oferecendo, inclusive pra minha família, ahn.... oportunidades pra eles também de desenvolvimento, de crescimento, enfim. Agora, se você faz isso como um fim pra você, eu tenho um grande questionamento se isso acaba tendo melhormente os resultados, porque você não está isolado, e você não é um indivíduo que sozinho consegue mobilizar tudo. Então, eu sempre tive isso comigo também, principalmente de liderança né, e como você traz um time, como você desenvolve o ambiente que você influencia. Acho que esses três elementos são importantíssimos e é um... talvez uma forma de contribuição com todos aqueles que estão nos acompanhando.

[0:14:14] – MM: E aí, quando erra, o quê que faz?

[0:14:16] – LF: Não, então; eu acho que a... o fato de você ter princípios claros, como acabei de mencionar, ele não necessariamente traz, né, a blindagem com relação ao erro; você vai errar, você vai cometer equívocos, qualquer ser humano está sujeito a isso, você vai, muitas vezes, é.... quantas ezes eu não tratei um... um assunto e, depois, fazendo a reflexão falei; “— poxa”, né? Até com relação a pessoa, né, envolvida naquele tema teve um lado aí que não foi legal; né”. Até pra fazer a leitura e até pra voltar a uma trajetória daquilo que você determina e que você entende como é mais fácil, quando você tem esses princípios claros, quando você tem esses valores claros, quando você tem um norte muito bem definido fica muito mais simples pra fazer. E assim, por exemplo, quando a gente mencionou a Johnson & Johnson aqui né, a Johnson & Johnson, certamente, ao longo dos centos e tantos anos de história dela, ela cometeu vários equívocos, vários equívocos. Agora, não se tornou o que é por ter feito... por ter cometido os equívocos e não ter aprendido com esses equívocos. E assim vale com a gente. Como é que eu volto pro meu norte? Como é que eu volto pro meu core? E a partir disso continuo me desenvolvendo; acho que esse é o ponto principal.

[0:15:37] – MM: Maravilha! Fiquei curiosa; pra você, então, seria mais fácil ser justo ou mais fácil ser correto?

[0:15:44] – LF: Uhhh!... É...

[0:15:50] – MM: Rsrsrsrs...

[0:15:50] – LF: Pra mim eu acho que é mais fácil é... pra mim, tá, e não isso significa... pra mim talvez seja mais fácil ser justo.

[0:16:01] – MM: Ohh!

[0:16:03] – LF: Porque o correto... e é super complexo, né? é isso que a gente pode né?...

[0:16:09] – MM: Filosofar...rsrsrs

[0:16:09] – LF: É... Filosofar e ... Nossa! Isso é tema pra... pra horas e horas de debate. O correto, ele tem uma.... ele tem uma... um lado de...de... de perspectiva né, da cultura. Quanta gente está vendo aqui, né, uma série de discussões, o que é realmente o correto? Agora, ser justo não; eu tenho um pouco mais de amarração com isto tudo, você tem ali umas... vamos chamar ali cláusulas pétreas aí que a gente pode analisar que fala: “— bom, isso aqui não dá pra abrir mão”; né, literalmente não dá pra abrir mão. Então, enfim, tentando né, amarrar o que você traz pra mim aí, que é muito complexo, eu iria por esse caminho.

[0:16:56] – MM: Aí no teu dia a dia, você pega e briga por aquilo que você acha justo? Você vai lá... é...

[0:17:02] – LF: Eu brigo.

[0:17:02] – MM: É? Vai atrás de uma verba, contrata mais gente, faz um plano diferente, engaja o pessoal, monta uma atividade, como é que é pra você trabalhar essa justiça e equilibrar isso mesmo sob pressão de faturamento, de entregas, de metas? Questões que estão externas também né, questões de contexto social... [0:17:23] – LF: Claro!

[0:17:23] – MM: Econômico de um país... Como é que faz?

[0:17:26] – LF: Mas eu acho que isso é... é... inclusive é o que... é o grande... é a grande motivação que eu tenho, né, porque, fazer o justo, e o certo não só pensando só no negócio, pensando na sociedade, no impacto que eu tenho hoje na sociedade. Por exemplo, hoje, como responsável pela Víncula, a gente tem lá na ponta um paciente que eu não toco diretamente, quem toca é o cirurgião; mas como é que eu faço todo esse processo acontecer com respeito ao paciente? Com respeito ao produto que eu estou fornecendo a ele, que seja de qualidade, que seja acessível economicamente? E, portanto, você assumir essas causas e brigar no bom sentido por elas, né, aquilo que você falou, no dia a dia meu, aqui né; então eu tenho que... o Pátria é o meu controlador né, é o meu principal acionista, meu acionista, né, como é que eu discuto isso com o Pátria? Como é que eu ponho isso na mesa? De novo, né, se eu tenho esse norte, se eu tenho esse valor e se eu tenho esse significado, fica até mais fácil pra argumentar; eu posso não conseguir e posso não ter aprovação, mas não significa que eu não.... que eu abri mão daquilo que é o justo, daquilo que é o correto. E aí as coisas funcionam mais, as coisas... Não necessariamente a gente vai casar sempre o financeiro com isso, né? Mas a gente senta e vai buscar uma solução é... maximizada quando a gente coloca isso em primeiro plano.

[0:19:04] – MM: Pela... pelo teu jeito de falar, pelas tuas respostas, eu percebo, assim, que você é uma pessoa em paz consigo mesma, que está sempre buscando o equilíbrio, que é observador, que tem o cuidado de pensar, sentir, pra depois falar, pra depois agir. De onde vem tanto autoconhecimento, essa segurança, essa naturalidade, hein? Rsrs5

[0:19:26] – LF: Uuh! É... Você mencionou né, você é dos anos 80 e eu sou do final dos anos 60, esse ano aqui eu fiz 53 anos.

[0:19:39] – MM: Parabéns!

[0:19:39] – LF: Obrigado! E esse... E esse equilíbrio né, ou essa busca do equilíbrio né, porque a gente está sempre em busca, é... ele não foi sempre assim, eu tive momentos pessoais e profissionais de completo desequilíbrio... de completo desequilíbrio. Então, é... de você achar que você pode tudo, de você achar que você conquistou e continua na conquista; então, momentos profissionais, por exemplo, onde eu pus até a minha vida, a minha saúde em risco por conta de trabalho, aquela coisa do workaholic , do “é possível, vamos fazer, vamos acontecer, tal”. E a partir disso eu tive a felicidade de ter algumas pessoas na minha vida, pessoas mais seniors que, a partir do momento que eu passei a ouvi-las, eu também dei... me dei oportunidade de entrar numa jornada de autoconhecimento.

[0:20:47] – MM: Olha!

[0:20:47] – LF: E isso começou no final dos anos 90.

[0:20:52] – MM: Tá!

[0:20:52] – LF: Né? E foi muito, muito... é... oportuna essa... essa jornada iniciado porque em 2000 eu fui morar nos Estados Unidos pela Johnson & Johnson né, e também foi um momento, ali, de você dar uma parada e refletir sobre várias situações de vida, tanto do ponto de vista profissional porque é um reconhecimento... foi um reconhecimento muito legal que eu tive da Johnson & Johnson, mas fundamentalmente por aquele choque que você tem da vida pessoal de estar morando num outro país, de estar vivendo com várias outras situações, e aí você dá uma parada, dá uma pensada em várias coisas, e como estruturar esse... essa jornada em busca de self knowledge. Então, portanto, isso tem anos, eu diria décadas, é.... e que foi sendo talhado até pela minha história de vida e pelos meus filhos, pela minha esposa que me ensinam muito. E a partir do momento que você entra nessa possibilidade de degustar o que a vida tá te oferecendo, eu acho que você entra num processo de retroalimentação. Não são, evidentemente, tudo flores, você acaba encontrando situações de desafios extremos, mas eu me considero um cara super privilegiado, e até pelas oportunidades e pessoas que eu conheci e tive a oportunidade de aprender.

[0:22:17] – MM: E aí, então, você, além de estar presente, viver com intensidade os seus relacionamentos, é isso que eu estou entendendo né, das suas respostas, assim, refleti sobre e tal, você também busca alguma coisa... é... algum outro tipo de apoio, por exemplo, leituras, é... religiosidade, algum outro elemento pra compor esse autoconhecimento que você poderia passar de dica pra gente?

[0:22:45] – LF: Sim. Claro, claro! Nessa minha busca pelo equilíbrio que passa mandatoriamente por um autoconhecimento maior, eu passei por cursos e cursos não só profissionais, como desenvolvimento pessoal, terapia, eu acho uma ferramenta fundamental de autoconhecimento e tive oportunidade de ter o acompanhamento de uma... de uma psicóloga que eu adoro né, e até marcou muito a minha vida, é... E na medida que você vai, também, amadurecendo né, e você vai conectando essas coisas, a... o significado e a amarração de tudo isso acaba... acaba sendo um grande combustível seu. Então, eu vejo hoje, claramente, né, toda busca que eu tenho e tudo aquilo que eu posso, inclusive devolver, né, daquilo que eu aprendi, daquilo que eu fiz, é... de novo entra naquele processo de retroalimentação, e isso é muito legal, é muito gostoso.

[0:24:09] – MM: Falando em devolver, você tem alguma causa social que você se dedique ou causa ambiental ou alguma coisa assim que você esteja comprometido nesse momento?

[0:24:21] – LF: Tenho. Eu assim, eu sou mantenedor de uma organização na minha cidade, no interior, que ajuda crianças carentes. E isso vem muito, fazendo um link dessa... da pergunta que você me fez agora com a anterior, né. Nessa busca, nessa jornada, uma das ferramentas e um dos cursos que eu fiz foi estabelecer um projeto de vida, e esse projeto de vida tinha até um nome, e eu chamei esse projeto de é... “Projeto 100”, 100 anos de vida.

[0:25:03] – MM: Olha!

[0:25:03] – LF: Com independência e autonomia. E aí aqui que você falou dos elementos que a gente tem né, de religiosidade, de família ou de valores profissionais ou mesmo financeiro, então, esse projeto, ele através de uma estrutura montada por quem estava dando o curso, ele tem elementos, ele tem frentes, ele tem dimensões; então a dimensão religiosa, o que você precisa fazer? A dimensão física e mental, o que você precisa fazer? A dimensão financeira, a dimensão familiar; e aí entra esse ponto também da contribuição, que era outra frente, a do social, né, o que você pode retribuir? O que você pode trazer de volta? E várias coisas; é incrível, porque você começa a escrever, e isso foi escrito há 10 anos passados, 20, 25 anos atrás; né? Fala: “— nossa, 100 anos”. Eu já estou na metade da jornada, pelo menos, 53... E você ter uma... chegar ao 100 de forma independente financeiramente e autônoma fisicamente, né, é um desafio. Mas é interessante que quando você escreve e você faz segmento disso, né, como as coisas vão se materializando. Então a parte financeira, quando você faz um exercício de escrever e fala; “— poxa, com 50 anos eu preciso ter tanto”; não, mas é muito ou é pouco? E um desafio: “— será que eu vou me frustrar se eu não atingir?”. Né? E aí é sempre aqueles fantasminhas que aparecem, você se compromete, por exemplo, com alimentação, você se compromete, por exemplo, com.... Hoje, 6h da manhã eu estava fazendo academia, e como a gente entra na academia as portas estão fechadas aqui, eu faço online com a minha personal que está há 21 anos comigo.

[0:26:43] – MM: Olha!

[0:26:45] – LF: Você transforma isso em hábito né. E aí você vai revisitando o projeto ali, e fala: “— nossa, realmente eu consegui, passei, passei essa fase, passei essa fase”. E o social é muito isso; e aí no social tem dois impactos importantes, essa contribuição que eu faço como mantenedor lá de uma instituição de caridade lá da minha cidade, e a outra coisa, quando você começa a refletir sobre isso, o impacto que trouxe pra mim na vida profissional. Quando eu tomei a decisão de sair de multinacional, né, depois de 30 anos, então você imagina, eu sou eu ser talhado de Alcoa, de Johnson & Johnson, de Nestlé, aí como é que você toma uma decisão depois de 30 anos de ir pra um grupo nacional, que foi o Grupo Cristália, um grupo familiar, Brasil, e uma das motivações maiores que eu considerei e realmente me motivou foi de retribuir um pouco pro meu país.

[0:27:45] – MM: Olha!

[0:27:45] – LF: Tudo aquilo que eu tinha... que eu consegui desenvolver, que eu consegui aprender, como é que é uma empresa nacional né? Que tipo de contribuição eu consigo trazer? E foi um barato, foi muito legal e isso me credenciou, inclusive, até pro próprio Pátria nesse novo desafio de estar num [inaudível], mas não são... São coisas que vão se conectando a partir do momento, de novo, aquilo que a gente já falou um tempinho atrás, do norte, dos valores, né, e do equilíbrio que eu sempre buscava, não significa que eu sempre fui equilibrado, significa que eu sempre sou o carinha que consegue não ter o estresse com as crianças, não ter o momento de... E agora né? Mas, a busca, ela se retroalimenta

[0:28:28] – MM: E a Gisele, sua esposa, também é executiva ou é de outra área?

[0:28:30] – LF: Ela já foi executiva, agora ela tá tocando mais projetos é... Tyler Manger, a gente pode chamar assim; então, agora mesmo ela está desenvolvendo com uma empresa, hoje ela está fora aqui de casa.

[0:28:46] – MM: Ah...!

[0:28:46] – LF: E coisas que ela consegue, agora, um equilíbrio muito maior de... de ter a dedicação pras crianças, e é bem italianona, é bem aquela mãezona que está acompanhando o tempo inteiro com a necessidade de, né, de se sentir produtiva e executiva que foi no passado.

[0:29:00] – MM: Muito bem! Olha como o tempo voa, passa rápido! Tá na hora de a gente encerrar, Lenski...rsrs....

[0:29:05] – Uau...Uau...! Foi muito rápido né, mas...

[0:29:49] – LF: Voa... Voa!

[0:29:49] – MM: E ir colocando em prática, a gente está vivenciando aquilo, e depois olhar pra trás é gostoso, é só orgulho, é só sensação de vitória; muito legal!

[0:30:00] – LF: Sem dúvida!

[0:30:00] – MM: Ó, você sabe que pode escolher uma música pra encerrar o nosso podcast, estou olhando aqui, você selecionou Woman in Chains do Tears For Fears, quero saber porque você escolheu essa canção aí pra gente encerrar.

[0:30:10] – LF: Ah, de novo, né, como foi o próprio... a música de início nosso aqui, é... eu pensando em música e com essa... com todo... com todo o prazer que é você sempre revisitar a sua história e revisitar as músicas que te marcaram, essa música me marcou muito porque foi um show do Tears For Fears no Morumbi, e foi logo no meu início de São Paulo né, no início ali da década de 90, e eu não estava esperando muito do show, gostava de Tears For Fears, mas quando a Oleta Adams entrou fazendo o vocal dela, foi um negócio assim que até hoje quando eu paro eu consigo me transportar pra aquele momento, foi muito legal. E aí, curiosamente né, quando você me pede música, tal, e eu fui ler, eu estava tendo uma conversa com a minha filha esses dias, o significado da mulher, e acho que essa música traz muito de várias discussões que a gente está discutindo. Então, de uma... Assim como foi a música que a gente iniciou né, de uma provocação que vocês trouxeram pela musicalidade, pelo que significou a música lá atrás, eu fui me conectar com ela do que ela representa agora, e as duas têm um significado muito atual. Então é por isso que eu deixo aí com o pessoal e espero que gostem.

[0:31:37] – MM: Muito legal! Lenski, parabéns, viu, pela sua trajetória pessoal, profissional, parabéns por suas realizações! Foi muito bacana ter você aqui, obrigada mesmo, que bom que você topou o convite, estava aberto e contribuiu muito aqui pro nosso projeto. Obrigada!

[0:31:55] – LF: Sou eu que agradeço e parabéns pela iniciativa. Muito legal aí o podcast, esse bate papo com várias pessoas que passam sempre uma experiência legal pra gente. Parabéns!

[0:32:06] – MM: Obrigada, obrigada! Até uma próxima então, hein!

[0:32:09] – LF: Até uma próxima!

[0:32:09] – MM: Esse podcast com o lado pessoal de Luiz Fernando Lenski, CEO da Víncula Implantes vai ficar disponível pra você escutar quantas vezes você quiser, e encaminhar também, hein! Então aproveite, escute muito e compartilhe à vontade. A gente se encontra no próximo podcast. Até lá!

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