Polícia entra em confronto com indígenas em Roraima
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Por Stephen Eisenhammer
SÃO PAULO (Reuters) - A Polícia Militar de Roraima entrou em confronto com grupos indígenas durante uma operação de retirada de um bloqueio de estrada, disse o governo daquele Estado nesta quarta-feira, em meio a um aumento das tensões na reserva indígena Raposa Serra do Sol devido ao garimpo ilegal de ouro e a invasões de terra.
A reserva Raposa Serra do Sol, cenário do incidente ocorrido na terça-feira, torna-se um estopim de movimentos indígenas rivais do país. Recentemente, o presidente Jair Bolsonaro visitou uma facção que compartilha seu apoio ao garimpo em terras indígenas.
O Conselho Indígena de Roraima (CIR) disse que seis pessoas ficaram feridas em um confronto que classificou de 'invasão'. O grupo compartilhou fotos das consequências no Facebook, inclusive uma imagem de homens indígenas com ferimentos ensanguentados na cabeça e no peito.
O CIR diz que as barricadas pretendem impedir a entrada de garimpeiros no território.
Em comunicado, o governo de Roraima disse que a Polícia Militar do Estado estava obedecendo uma ordem judicial que proíbe bloqueios de estradas.
A polícia disse ainda que inicialmente os organizadores do bloqueio se dispersaram quando a tropa chegou, mas que voltaram mais tarde com um grupo de cerca de 100 pessoas armadas com arcos, flechas e facões.
Uma policial foi atingida por uma flecha na perna, disse o comunicado, acrescentando que ela se recupera bem.
'Em momento algum foi utilizada arma ou munição letal', afirma a nota.
São crescentes as tensões entre os dois principais grupos indígenas de Raposa Serra do Sol, conforme a Reuters noticiou no início deste ano.
O CIR promete proteger a terra dos garimpeiros de ouro, que escavam cada vez mais na reserva.
Um grupo rival, a Sociedade de Defesa dos Índios Unidos de Roraima (Sodiurr), apoia o garimpo de ouro e argumenta que tem direito de explorar recursos no subsolo.
A Sodiurr foi aos tribunais para pedir a retirada dos bloqueios de estrada.
Em um comunicado, a Sodiurr disse que apoiou a operação policial e que a barricada vem 'excitando violência entre indígenas'.
Bolsonaro dá seu aval à Sodiurr, e já se encontrou várias vezes com lideranças do grupo, visitou uma de suas comunidades na reserva no mês passado e endossou sua visão sobre a mineração em terras indígenas.
Ativistas dos direitos indígenas dizem que Bolsonaro está exacerbando as tensões entre os povos indígenas através de métodos do tipo 'dividir para conquistar', que historicamente ajudaram a destruir terras nativas em todo o mundo.
Escrito por Reuters
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