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Potências ocidentais discutem ativos russos na reunião de finanças do G20

Placeholder - loading - Presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, durante abertura da reunião de ministros de Finanças e presidentes de bancos centrais do G20, em São Paulo 28/02/2024. REUTERS/Carla Carniel
Presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, durante abertura da reunião de ministros de Finanças e presidentes de bancos centrais do G20, em São Paulo 28/02/2024. REUTERS/Carla Carniel

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Por Andrea Shalal e Christian Kraemer e Marcela Ayres

SÃO PAULO (Reuters) - Ministros das Finanças do G20 iniciaram nesta quarta-feira uma discussão sobre os desafios para a economia global tentando deixar de lado as profundas divisões geopolíticas, enquanto as potências ocidentais discutiam sobre como lidar com os ativos russos congelados enquanto.

As autoridades brasileiras, anfitriãs da reunião de dois dias em São Paulo, procuraram concentrar as conversações na cooperação econômica para enfrentar questões como as mudanças climáticas e a pobreza, propondo uma declaração conjunta que evite menção direta às guerras na Ucrânia e em Gaza.

No entanto, as questões geopolíticas que pairavam sobre o evento logo vieram à tona, com até mesmo aliados próximos divididos sobre o que fazer com os ativos russos bloqueados pelas potências ocidentais.

Essas fissuras ficaram visíveis depois que os ministros G7 se reuniram na quarta-feira antes dos trabalhos do G20, debatendo se os ativos congelados poderiam financiar a reconstrução da Ucrânia.

A secretária do Tesouro dos Estados Unidos, Janet Yellen, disse na terça-feira que acredita haver uma base sólida no direito internacional para desbloquear o valor dos ativos russos, como garantia ou por confisco.

Mas o Ministro das Finanças da França, Bruno Le Maire, argumentou nesta quarta-feira que não há base suficiente no direito internacional para confiscar os ativos russos, enfatizando que tal medida exigiria o endosso dos membros do G20 e de outros países.

'Não devemos acrescentar nenhum tipo de divisão entre os países do G20', disse ele a repórteres. 'Se a base legal não for suficiente (...) você criará mais divisões em um momento em que precisamos de mais unidade para apoiar a Ucrânia.'

O desentendimento entre eles ressaltou o terreno geopolítico complicado para o grupo das 20 principais economias do mundo, cujos ministros das Relações Exteriores manifestaram na semana passada, no Rio de Janeiro, profundas divisões sobre a guerra na Ucrânia e o bombardeio de Israel em Gaza.

A coordenadora brasileira da trilha de finanças do G20, Tatiana Rosito, disse nesta quarta-feira que a negociação de toda a parte econômica do comunicado produzido pelo grupo foi concluída e agora será submetida aos líderes de finanças de cada país.

Uma versão preliminar do comunicado, vista pela Reuters na terça-feira, fez apenas uma referência passageira aos conflitos regionais.

Mas o ministro das Finanças da Alemanha, Christian Lindner, disse que seu país só concordará com o comunicado do G20 se as questões geopolíticas, como a guerra na Ucrânia, forem mencionadas.

O Brasil está tentando, com sua presidência do G20, desviar as discussões das tensões geopolíticas entre as grandes potências para um consenso sobre o desenvolvimento sustentável, ao mesmo tempo em que tenta dar mais voz às nações em desenvolvimento do Sul Global.

Em seu discurso de abertura da reunião dos ministros de Finanças e presidentes de bancos centrais, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, defendeu que os países implementem sistemas progressivos de tributação que cobrem de bilionários uma “justa contribuição em impostos”.

O presidente do Banco Central do Brasil, Roberto Campos Neto, afirmou que ainda há trabalho a ser feito na última milha da desinflação dos países, ressaltando a existência de riscos à frente.

Escrito por Reuters

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