Premiê holandês anuncia que deixará política após eleições de novembro
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Por Bart H. Meijer e Anthony Deutsch
AMSTERDÃ (Reuters) - O primeiro-ministro da Holanda, Mark Rutte, o líder a mais tempo no cargo na história holandesa, chocou o país nesta segunda-feira ao dizer que vai deixar a política, um ato impensável apenas alguns dias atrás.
Na sexta-feira, Rutte anunciou o colapso repentino de sua quarta coalizão governista devido a uma divisão sobre a política de imigração, mas disse estar interessado em manter o cargo 'porque tenho a energia e as ideias'.
No fim de semana, vários partidos descartaram a possibilidade de formar uma coalizão de poder com Rutte, que disse ao Parlamento nesta segunda-feira que decidiu não tentar a reeleição quando os holandeses forem às urnas em novembro.
'Nos últimos dias, houve muita especulação sobre o que me motiva. E a única resposta para isso é a Holanda', disse ele. 'Quando um novo gabinete tomar posse após as eleições, deixarei a política.'
Rutte supervisionará um governo provisório até que uma nova coalizão seja formada, um processo que no fragmentado cenário político holandês levará meses.
A administração interina não pode decidir sobre novas políticas, deixando uma série de questões importantes, desde metas climáticas e agricultura até imigração, no limbo até 2024.
Em agosto passado, Rutte, de 56 anos, tornou-se o primeiro-ministro a mais tempo no cargo na história holandesa, uma prova de sua resistência política e habilidades de sobrevivência aprimoradas ao longo de um mandato de 13 anos.
Rutte liderou o conservador Partido Popular pela Liberdade e Democracia (VVD) por 17 anos, através de inúmeras crises e endurecimento da política de imigração, estimulado por uma ascensão de partidos de direita exigindo o fechamento das fronteiras do país.
Rutte foi apelidado de 'Teflon Mark' por sua capacidade de sobreviver a crises políticas, mas nos últimos anos ele tem enfrentado críticas crescentes por sua maneira de lidar com a política agrícola e as mudanças climáticas, bem como um escândalo de bem-estar social e uma crise no campo de gás de Groningen.
Ele atribuiu a última tempestade política a 'um choque de valores' no governo de coalizão de quatro partidos sobre a imigração. Partidos de coalizão menores insistiram que crianças e pais que buscam asilo na Holanda têm o direito de se reunir, enquanto o VVD buscava restrições.
Escrito por Reuters
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