Presidente do BC de Portugal nega que aceitou convite de premiê para sucedê-lo no cargo
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Por Sergio Goncalves
LISBOA (Reuters) - O presidente do Banco de Portugal, Mário Centeno, que está sendo criticado pela oposição por causa de um convite feito pelo primeiro-ministro que deixará o cargo para sucedê-lo no posto, disse nesta segunda-feira que nunca aceitou a oferta, mas que apenas foi convidado a refletir sobre o assunto.
Os partidos de oposição portugueses argumentaram na sexta-feira que tal convite comprometia a independência política do presidente do banco central. Espera-se que o comitê de ética do Banco de Portugal se reúna nesta segunda-feira para avaliar sua conduta.
O primeiro-ministro António Costa renunciou ao cargo na terça-feira devido a uma investigação sobre supostas ilegalidades no tratamento de projetos de lítio e hidrogênio e de um centro de dados de grande escala pelo seu governo. Costa nega ter cometido irregularidades.
Na quinta-feira, Costa disse ao presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, que, em vez de uma eleição, seu Partido Socialista (PS) propunha a nomeação de Centeno, uma respeitada autoridade do Banco Central Europeu e ex-ministro das Finanças do governo de Costa, como primeiro-ministro.
Costa disse que o presidente estava ciente do convite e o apoiou, mas acabou rejeitando a proposta e convocando uma eleição antecipada para 10 de março.
Rebelo de Sousa negou na segunda-feira que tenha aprovado tal plano, ou que tenha 'convidado alguém, nomeadamente o presidente do Banco de Portugal, para liderar o governo', ou 'autorizado alguém a contatar alguém para esse fim'.
Centeno disse em um comunicado nesta segunda-feira que o convite resultou de conversas que Costa teve com Rebelo de Sousa, mas 'é inequívoco' que o presidente não o convidou, acrescentando: 'em um exercício de cidadania, aceitei refletir'.
'Nunca houve uma aceitação do cargo, mas apenas uma concordância em continuar a reflexão e finalizá-la em função da decisão que o presidente tomaria', disse Centeno.
Centeno anunciou sua saída do Ministério das Finanças em junho de 2020, durante o segundo mandato de Costa, e foi nomeado para chefiar o banco central um mês depois.
Um porta-voz do BCE disse que seu Comitê de Ética será informado sobre o resultado da análise do comitê do Banco de Portugal, sem fornecer mais detalhes.
(Reportagem adicional de Balazs Koranyi e Francesco Canepa em Frankfurt)
Escrito por Reuters
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