Presidente eleito da Guatemala suspende participação em transição
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CIDADE DA GUATEMALA (Reuters) - O presidente eleito da Guatemala, Bernardo Arévalo, suspendeu temporariamente sua participação na transição do governo, disse ele em entrevista coletiva na terça-feira, já que as ações das autoridades alimentaram dúvidas sobre a transferência de poder.
O anúncio foi feito depois que a principal promotoria do país centro-americano invadiu as instalações administradas pelo principal tribunal eleitoral da Guatemala na terça-feira.
Arévalo chamou a investigação da promotoria sobre sua vitória eleitoral no mês passado de parte de uma tentativa de golpe e descreveu as batidas de terça-feira como 'crimes flagrantes de abuso de autoridade para fins eleitorais' que violaram a Constituição da Guatemala.
Arévalo disse que sua participação na transição será retomada assim que as 'condições institucionais (e) políticas necessárias forem restabelecidas'.
Mais cedo na terça-feira, a Organização dos Estados Americanos (OEA) disse estar 'extremamente preocupada' com as operações, que, segundo ela, envolveram a abertura de pacotes eleitorais e violaram a lei eleitoral guatemalteca.
'Essas ações constituem mais uma prova de que o Ministério Público... vem intensificando uma estratégia de questionar o processo eleitoral e intimidar as autoridades eleitorais, o pessoal eleitoral e as milhares de pessoas que... realizaram dois dias de votação pacífica e transparente', disse a OEA em um comunicado.
Em uma declaração, o governo do presidente da Guatemala, Alejandro Giammattei, que está de saída do cargo, disse que respeitava a decisão de Arévalo, mas não concordava com ela, porque foi tomada como resultado de ações fora do Poder Executivo, 'que não interferem no processo que foi desenvolvido até o momento'.
'Reiteramos nossa firme disposição de retomar imediatamente o processo de transição assim que as autoridades eleitas o solicitarem', acrescentou o governo.
Arévalo, que fez campanha com promessas de combater a corrupção, venceu de forma retumbante o segundo turno da eleição realizado em 20 de agosto. Os promotores ameaçaram impedir a participação de seu partido, Semilla, na eleição, o que provocou protestos internacionais.
Pouco antes das autoridades do tribunal eleitoral declararem Arévalo vencedor, seu partido, o Semilla, foi notificado de que uma seção do tribunal havia suspendido o partido por falhas de registro. Desde então, o tribunal revogou temporariamente a ordem de suspensão até outubro.
(Reportagem de Sofia Menchu e Brendan O'Boyle)
Escrito por Reuters
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