Presidente não conseguirá governar em 2027 com atual arcabouço fiscal, diz Tebet
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(Reuters) - A ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, disse na quarta-feira que o governo federal, seja quem for o presidente, não conseguirá governar em 2027 com o atual arcabouço fiscal, indicando que vê uma 'janela de oportunidade' no fim do próximo ano para um ajuste necessário das contas públicas.
'Chegou o momento que em 2027, seja quem for o próximo presidente da República, não governa com esse arcabouço fiscal, com essas regras fiscais, sem gerar inflação, dívida pública e detonar a economia', disse Tebet em entrevista à GloboNews, que foi ao ar na noite de quarta-feira.
Segunda a ministra, será difícil aprovar qualquer medida de ajuste fiscal no Congresso até as eleições de 2026, uma vez que os parlamentares estariam preocupados com o impacto de tais iniciativas na busca de sua reeleição.
Com isso, Tebet afirmou que vê uma 'janela' para a discussão de medidas de contenção dos gastos nos últimos dois meses do próximo ano, logo após as eleições, defendendo que o país não pode desperdiçar a oportunidade de fazer um ajuste necessário nas contas públicas.
'O que nós temos de janela de oportunidade... em novembro e dezembro de 2026, seja o presidente Lula reeleito ou seja um outro presidente eleito, é fazer o dever fiscal, é cortar gastos, o supérfluo e fazer uma política em um arcabouço mais rigoroso', apontou.
A ministra argumentou que essa estratégia seria exatamente o oposto do que foi feito após as eleições de 2022, quando foi necessário que o governo recém-eleito apresentasse a chamada 'PEC da Transição' para restabelecer políticas públicas como o Bolsa Família, o Auxílio-Gás e o Farmácia Popular.
Tebet ainda reafirmou o compromisso do governo em cumprir a meta fiscal de déficit primário zero para este ano e classificou o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, como um 'verdadeiro herói' por defender a responsabilidade fiscal diante da resistência dentro do próprio partido.
'Nós temos que cumprir meta zero. E nós vamos cumprir meta zero.'
INFLAÇÃO DE ALIMENTOS
Na entrevista, Tebet também defendeu a medida anunciada pelo governo para zerar a alíquota de importação de alguns produtos a fim de reduzir os preços dos alimentos, o que o Executivo vê como fundamental para tentar recuperar a popularidade do presidente Lula.
De acordo com a ministra, a medida terá um 'efeito moral' ao estimular produtores brasileiros a manter parte de sua produção no país diante da concorrência de produtores estrangeiros, o que terá como consequência a redução dos preços dos alimentos devido ao aumento da oferta no mercado nacional.
Na semana passada, o vice-presidente Geraldo Alckmin anunciou a iniciativa de zerar a alíquota de importação de certos alimentos, afirmando que a isenção incluirá produtos como carne, café, açúcar e milho, entre outros, e é parte de um 'primeiro' conjunto de medidas.
(Por Fernando Cardoso, em São Paulo)
Escrito por Reuters