Putin voa à Coreia do Norte com promessa de apoio
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Por Hyonhee Shin e Josh Smith e Guy Faulconbridge
SEOUL/MOSCOU (Reuters) - O presidente russo, Vladimir Putin, chegou à Coreia do Norte na quarta-feira (horário local), para a sua primeira visita em 24 anos, prometendo aprofundar relações comerciais e de segurança com o recluso país detentor de armas nucleares e apoiá-lo contra os Estados Unidos.
A imprensa estatal da Rússia mostrou Putin e o líder norte-coreano, Kim Jong Un, apertando as mãos, abraçando-se e conversando ao lado do avião de Putin. Ele aterrissou em Pyongyang aproximadamente às 2h45, horário local, após uma escala no extremo leste da Rússia. Os líderes entraram na mesma limusine e andaram juntos ao hotel de Putin.
Os EUA e seus aliados asiáticos tentam descobrir quão longe a Rússia irá para apoiar o líder norte-coreano, cujo país é o único que conduziu testes de armas nucleares no século 21.
Em um sinal de que a Rússia, membro com poder de veto do Conselho de Segurança da ONU, está reavaliando toda sua abordagem em relação à Coreia do Norte, Putin elogiou Pyongyang antes da sua chegada por resistir ao que disse serem pressão econômica, chantagem e ameaças dos Estados Unidos.
Em um artigo publicado pela imprensa estatal norte-coreana, Putin elogiou o 'camarada' Kim e prometeu 'resistir em conjunto a restrições unilaterais ilegítimas' para desenvolver o comércio e fortalecer a segurança em toda a Eurásia.
'Washington, recusando-se a implementar acordos anteriormente firmados, continua apresentando novas e cada vez mais rigorosas e obviamente inaceitáveis exigências', disse Putin, no artigo, publicado na primeira página do Rodong Sinmun, da Coreia do Norte, veículo porta-voz do Partido dos Trabalhadores.
'A Rússia sempre apoiou e continuará apoiando a DPRK (sigla em inglês do nome oficial da Coreia do Norte, República Popular Democrática da Coreia) e o heróico povo coreano em sua oposição ao inimigo insidioso, perigoso e agressivo.'
Putin emitiu um decreto presidencial na véspera da visita dizendo que Moscou queria assinar um 'tratado estratégico abrangente de parceria' com a Coreia do Norte. Seu assessor de política externa, Yuri Ushakov, disse que ele incluiria questões de segurança.
Ushakov afirmou que o acordo não seria direcionado contra nenhum outro país, mas 'delinearia perspectivas para mais cooperação'.
Putin mencionou que a União Soviética foi a primeira a reconhecer a República Popular Democrática da Coreia, fundada pelo avô de Kim, Kim Il Sung, menos de dois anos antes da Guerra da Coreia, em 1950.
A imprensa estatal norte-coreana também publicou artigos elogiando a Rússia e apoiando suas operações militares na Ucrânia, dizendo que são uma 'guerra sagrada de todos os cidadãos russos'.
PREOCUPAÇÕES DOS EUA
A visita de Putin ocorre em meio a acusações dos EUA de que a Coreia do Norte teria fornecido 'dezenas de mísseis balísticos e mais de 11.000 contêineres de munição à Rússia' para serem usados na invasão à Ucrânia. A Coreia do Sul, firme aliada dos EUA, levantou preocupações semelhantes.
A Casa Branca disse nesta segunda-feira estar preocupada com o aprofundamento das relações entre Rússia e Coreia do Norte. O Departamento de Estado dos EUA avaliou como 'bastante certo' que Putin buscará armas para apoiar a sua guerra na Ucrânia.
Moscou e Pyongyang negaram transferências de armas, mas prometeram fortalecer laços militares, o que pode incluir exercícios conjuntos.
(Reportagem de Hyonhee Shin e Josh Smith e Guy Faulconbridge em Moscow; Reportagem adicional de Lidia Kelly em Melbourne, Michelle Nichols em Nova York e Mark Trevelyan em Londres)
Escrito por Reuters
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