Quem será o próximo papa? Algumas dicas a serem observadas
Publicada em
Por Joshua McElwee
CIDADE DO VATICANO (Reuters) - Ninguém sabe quem os cardeais católicos do mundo inteiro escolherão para suceder o Papa Francisco como o novo líder da Igreja Católica global. Mas para aqueles que estão observando atentamente, às vezes há dicas sobre quem pode vir a ser o próximo pontífice.
O processo de escolha de um novo papa é longo e secreto. A maioria dos 252 cardeais do mundo está indo a Roma para participar. Aqueles com menos de 80 anos, cerca de 135 prelados, estão se preparando para entrar em um conclave para eleger o próximo pontífice.
Uma vez iniciado o conclave, o que, pela lei da Igreja, não deve ocorrer antes de 6 de maio, os cardeais ficarão completamente isolados do mundo moderno até que um novo papa seja nomeado.
'Ler os sinais pré-conclave para identificar os candidatos papais é complicado, porque os sinais são geralmente muito sutis', disse John Thavis, correspondente do Vaticano que cobriu três papados.
Francisco morreu na segunda-feira, aos 88 anos. Não há um candidato claro para sucedê-lo.
Como o papa estava se recuperando de uma pneumonia no fim de semana da Páscoa, ele pediu aos cardeais aposentados com mais de 80 anos que presidissem em seu lugar as várias celebrações do feriado no Vaticano, possivelmente porque não queria indicar nenhum sucessor favorito.
O funeral do papa, no sábado, 26 de abril, será o primeiro grande momento para observar os sinais de quem poderá ser o próximo.
Dezenas de milhares de pessoas, incluindo dezenas de líderes mundiais, como o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelenskiy, são esperados na Praça de São Pedro para a cerimônia. Milhões de pessoas estarão assistindo em todo o mundo.
Os cardeais presentes ouvirão atentamente o sermão proferido pelo cardeal italiano Giovanni Battista Re, líder cerimonial do Colégio de Cardeais e funcionário aposentado do Vaticano.
No funeral do papa João Paulo 2º, em 2005, o sermão foi proferido pelo cardeal alemão Joseph Ratzinger, que ofereceu o que muitos consideraram uma elocução emocionante sobre a vida e o legado do falecido papa.
Onze dias depois, Ratzinger seria eleito como papa Bento 16.
Re tem 91 anos, não pode participar do conclave e não é um candidato ao papado. Mas as pessoas de dentro esperam que ele ainda possa tentar oferecer um guia a ser seguido por seus confrades na maneira como ele escolhe descrever o papado de Francisco ou em qualquer palavra que ele use para descrever as necessidades da Igreja Católica hoje.
DICAS QUE SURGEM LENTAMENTE
O funeral papal marca o primeiro de nove dias de luto para a Igreja global. Outra missa de luto será realizada na Praça de São Pedro no domingo. Ela será conduzida pelo cardeal italiano Pietro Parolin, frequentemente citado como um dos principais candidatos ao papado.
'O clichê... é que aquele que entra no conclave como papa sai como cardeal', disse Christopher Bellitto, historiador da Universidade Kean, em Nova Jersey, especializado na Igreja. 'Somente os profetas sabem o que vai acontecer.'
Outras dicas de possíveis sucessores de Francisco provavelmente surgirão mais lentamente.
Em 2013, quando os cardeais se reuniram em Roma após a surpreendente renúncia de Bento 16, alguns dos prelados dos EUA que estavam se preparando para participar do conclave começaram a dar coletivas de imprensa.
Mais tarde, o grupo mais amplo de cardeais do mundo pediu a eles que parassem de fazer as coletivas.
Mesmo que não haja conferências de imprensa desta vez, os cardeais que passam algum tempo em Roma geralmente celebram missas nas igrejas da cidade. Os sermões que eles oferecem nessas ocasiões podem dar indicações do que estão pensando.
'Quaisquer sinais virão em pedaços, ou frases usadas para descrever o que os cardeais estão procurando no próximo papa', disse Thavis.
'Palavras como 'abertura' e 'reforma' podem se encaixar em certos cardeais, enquanto 'habilidades administrativas' e 'teologia sólida' podem descrever outros', disse ele.
A PORTAS FECHADAS
As maiores dicas virão nas reuniões diárias que os cardeais terão na semana que antecede o conclave.
Nessas reuniões, conhecidas como 'congregações gerais', os cardeais têm a oportunidade de falar livremente e até mesmo, talvez, de oferecer uma visão para um futuro papado sob sua própria liderança.
Em 2013, o cardeal argentino Jorge Mario Bergoglio fez uma breve reflexão em uma dessas reuniões.
Ele disse que a Igreja, assolada por abusos sexuais e escândalos financeiros, havia se tornado 'doente' e muito 'autorreferencial', de acordo com um texto que foi publicado posteriormente. Ele disse que a Igreja precisava fazer um trabalho melhor para tentar se abrir para o mundo moderno.
Poucos dias depois, Bergoglio seria eleito como papa Francisco.
As deliberações finais sobre quem deve seguir Francisco ocorrerão no conclave. Os cardeais que entrarem na Capela Sistina para votar estarão isolados do mundo, proibidos de ler jornais ou falar com o mundo exterior.
Ao entrarem em suas deliberações, o arcebispo Diego Ravelli, que lidera as celebrações litúrgicas do Vaticano, gritará, em latim, 'Extra omnes!' (Todos para fora!)
Escrito por Reuters