Reino Unido chega profundamente dividido a eleição da UE que pretendia evitar
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LONDRES (Reuters) - O Reino Unido irá realizar, na quinta-feira, eleições para o Parlamento Europeu que devem mostrar a frustração crescente dos eleitores com o impasse da separação britânica da União Europeia, quase três anos depois de o país votar a favor do rompimento.
A eleição, da qual o Reino Unido não esperava participar, é resultado do impasse surgido na concretização do Brexit desde que o acordo da primeira-ministra britânica, Theresa May, com Bruxelas foi rejeitado três vezes pelos parlamentares.
O Reino Unido deveria ter deixado a UE quase dois meses atrás. Tendo em conta que adiou a data de saída duas vezes e que o Parlamento se mantém indeciso, continua sendo incerto quando, como ou mesmo se o país saíra algum dia do bloco. O novo prazo de saída é 31 de outubro.
As opiniões dos britânicos, que decidiram a saída da UE por 52% a 48% dos votos, se polarizaram. Pesquisas de opinião mostram que partidos fortemente pró-Brexit e pró-UE devem ganhar votos às custas do conservadores, de May, e da oposição trabalhista.
Segundo dados do instituto de pesquisas YouGov, só uma de cinco pessoas que votaram nos conservadores na última eleição nacional, em 2017, o farão novamente na quinta-feira, e 62% planejam apoiar o Partido do Brexit, de Nigel Farage.
Por sua vez, os trabalhistas estão perdendo eleitores para partidos que apoiam a permanência na UE.
O Partido do Brexit, criado no mês passado para enfrentar os líderes políticos que diz terem traído a votação pela separação, deve ficar no topo. Uma enquete YouGov desta quarta-feira mostrou o apoio à sigla, que pede um Brexit sem acordo, em 37%. Os conservadores de May aparecem em quinto lugar com meros 7%.
Como o voto do 'fico' está fragmentado entre vários partidos fortemente pró-UE, incluindo os Liberal Democratas, Change UK e o Partido Verde, estes devem conseguir menos assentos.
É provável que o resultado aumente a pressão para que May, cujos correligionários já sofreram uma derrota dura nas eleições locais do início deste mês, abra caminho para um novo líder o mais cedo possível.
Ela prometeu aceitar um cronograma para sua saída após uma quarta tentativa de conseguir a aprovação do Parlamento ao seu acordo do Brexit no começo de junho.
Na terça-feira, o ministro das Finanças, Philip Hammond, alertou que, se o impasse do Brexit não for resolvido nas próximas poucas semanas, existe um risco sério de o sucessor de May optar por uma saída sem acordo.
(Por Kylie MacLellan)
Escrito por Reuters
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