Reino Unido suspende 30 das 350 licenças de exportação de armas para Israel
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Por Michael Holden e William James
LONDRES (Reuters) - O Reino Unido vai, com efeito imediato, suspender 30 das suas 350 licenças de exportação de armamentos para Israel por conta do risco de tais equipamentos estarem sendo usados para cometer violações sérias da lei humanitária internacional, disse o ministro das Relações Exteriores britânico, David Lammy, nesta segunda-feira.
Segundo Lammy, a decisão de suspender as licenças não representa um banimento completo ou um embargo da venda de armas, mas envolviam apenas aquelas que poderiam ser usadas no conflito atual entre Israel e Hamas no território palestino de Gaza.
'Reconhecemos, é claro, a necessidade de Israel de se defender contra ameaças de segurança, mas estamos profundamente preocupados com os métodos usados por Israel, pelos relatos de vítimas civis e, especialmente, pela destruição de infraestrutura civil', disse Lammy ao Parlamento.
Logo após a vitória do partido Trabalhista na eleição de julho, Lammy disse que iria rever as autorizações das vendas de armas para Israel, aliados dos britânicos, para garantir que elas estejam em acordo com a lei internacional.
'É com pesar que eu informo hoje à Câmara (dos Comuns, a câmara baixa do parlamento) que o levantamento que recebi me deixa em posição de concluir apenas que, para certos armamentos exportados pelo Reino Unido para Israel, existe um risco claro que eles possam ser usados para cometer ou facilitar séria violação da lei internacional humanitária', disse Lammy.
As exportações britânicas representam menos de 1% do total de armamentos recebidos por Israel. O ministro disse que a suspensão não teria impacto na segurança israelense e que o governo britânico continua a apoiar o direito de autodefesa de Israel.
O ministro das Relações Exteriores de Israel, Israel Katz, considerou a decisão decepcionante e afirmou que ela envia “uma mensagem muito problemática' para o grupo islâmico militante Hamas e os seus patrocinadores no Irã.
Os líderes de Israel e palestinos são investigados por supostos crimes de guerra e crimes contra a humanidade na sequência dos ataques de 7 de outubro cometidos pelo Hamas no sul de Israel, que mataram cerca de 1.2 mil pessoas, segundo levantamento israelense.
A resposta de Israel em Gaza matou mais de 40,7 mil pessoas, de acordo com as autoridades de saúde palestinas.
Lammy disse ainda, nesta segunda-feira, que a decisão não implica em um julgamento sobre se Israel quebrou ou não a lei internacional.
'Essa é uma avaliação de possibilidades futuras, não uma determinação de culpa ou inocência e não predetermina nenhuma decisão futura pelos tribunais competentes', acrescentou.
Apesar da vitória esmagadora em julho, o partido do primeiro ministro britânico, Keir Starmer, sofreu inúmeros contratempos em áreas com grandes populações muçulmanas e sofria pressão dos seus parlamentares para tomar uma posição mais dura em relação a Israel diante do conflito.
(Reportagem de Michael Holden e William James em Londres e Ari Rabinovitch em Jerusalém)
Escrito por Reuters
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