Revista Time escolhe jornalistas, incluindo repórteres presos da Reuters, como 'Pessoa do Ano'
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Por Gina Cherelus
NOVA YORK (Reuters) - A revista Time dedicou sua homenagem 'Pessoa do Ano' nesta terça-feira a um grupo de jornalistas, incluindo um colunista saudita assassinato e uma dupla de repórteres da Reuters aprisionados pelo governo de Mianmar, alertando que o ideal da verdade, crucial para democracias, está sob ataque.
A publicação também homenageou a fundadora de um site de notícias das Filipinas que é crítico do governo autoritário do país e um jornal do Estado norte-americano de Maryland que foi alvo de um massacre a tiros, a primeira ocasião nos 95 anos de história da Time em que a revista concedeu a distinção aos profissionais de sua área.
Uma reportagem de capa ressaltou o papel dos jornalistas, inclusive Wa Lone e Kyaw Soe Oo, da Reuters, presos pelo governo de Mianmar por violarem a Lei de Segredos Oficiais, e Jamal Khashoggi, colunista saudita crítico do príncipe herdeiro da Arábia Saudita, Mohammed bin Salman, que foi assassinado em um consulado saudita na Turquia dois meses atrás.
'Espero que isto seja recebido pelo grande público muito, muito além dos Estados Unidos como um lembrete da importância de se defender a liberdade de expressão e a busca da verdade e dos fatos', disse Ben Goldberger, editor-executivo assistente da Time, em uma entrevista. 'Esta é a base de todas as sociedades livres. A democracia certamente não consegue funcionar sem uma compreensão compartilhada dos fatos'.
A distinção anual pretende reconhecer a pessoa, grupo, coisa ou ideia que teve mais influência nos eventos mundiais no ano em questão. Ela já foi concedida a uma ampla gama de personalidades, do ativista de direitos civis norte-americano Martin Luther King Jr. e da rainha Elizabeth 2ª a Adolf Hitler, líder da Alemanha nazista, que foi homenageado antes da Segunda Guerra Mundial.
Na quarta-feira, completa-se um ano que Wa Lone, de 32 anos, e Kyaw Soe Oo, de 28, foram presos por investigarem o assassinato de moradores de um vilarejo pertencentes à minoria muçulmana rohingya, cometido pelas forças de segurança e por turbas de civis de Mianmar.
No dia 3 de setembro eles foram condenados de acordo com a Lei de Segredos Oficiais dos tempos coloniais, um caso visto como um teste das liberdades democráticas de Mianmar.
Khashoggi foi morto em 2 de outubro no consulado saudita em Istambul quando foi ao local para obter documentos para seu casamento. Ele foi a primeira pessoa escolhida como 'Pessoa do Ano' da Time postumamente.
A Time também honrou Maria Ressa, fundadora do site de notícias filipino Rappler que tem criticado com frequência o presidente Rodrigo Duterte, e a redação da Capital Gazette de Anápolis, em Maryland, onde um atirador matou cinco pessoas a tiros em junho.
Escrito por Thomson Reuters
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