Secretário-geral da ONU diz que mortes em Gaza mostram algo 'errado' em operação de Israel
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Por Alessandra Galloni
NOVA YORK (Reuters) - O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, disse nesta quarta-feira que o número de civis mortos na Faixa de Gaza mostra que há algo 'claramente errado' com as operações militares de Israel contra o grupo militante palestino Hamas.
'Há violações por parte do Hamas quando eles têm escudos humanos. Mas quando se olha para o número de civis que foram mortos nas operações militares, há algo que está claramente errado', disse Guterres no evento Reuters Next.
Israel tem prometido exterminar o Hamas, que governa a Faixa de Gaza, depois que os militantes do grupo mataram 1.400 pessoas e fizeram mais de 240 reféns em um ataque em 7 de outubro. Israel tem atacado Gaza pelo ar, imposto um cerco e lançou recentemente uma invasão terrestre.
As autoridades palestinas disseram que 10.569 pessoas já foram mortas, sendo 40% delas crianças.
'Também é importante fazer com que Israel entenda que é contra os interesses de Israel ver todos os dias a terrível imagem das dramáticas necessidades humanitárias do povo palestino', disse Guterres. 'Isso não ajuda Israel em relação à opinião pública global.'
Guterres comparou o número de crianças mortas em Gaza com o número de mortos em conflitos em todo o mundo, sobre os quais ele relata anualmente.
'Todos os anos, o maior número de mortes de crianças por qualquer um dos atores em todos os conflitos que testemunhamos é de no máximo centenas', disse Guterres.
'Em poucos dias, em Gaza, milhares de crianças foram mortas, o que significa que também há algo claramente errado na forma como as operações militares estão sendo realizadas', disse ele.
O relatório da ONU sobre crianças e conflitos armados inclui uma lista destinada a envergonhar as partes envolvidas em conflitos, na esperança de forçá-las a implementar medidas de proteção às crianças. Há muito tempo o documento tem sido controverso, com diplomatas dizendo que Israel exerceu pressão nos últimos anos em uma tentativa de ficar fora da lista.
O próximo relatório está previsto para meados do próximo ano.
(Por Alessandra Galloni)
Escrito por Reuters
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