Sócio da Gol fecha delação e acusa Temer em acordo de propina para campanha
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Por Ricardo Brito
BRASÍLIA (Reuters) - O empresário Henrique Constantino, um dos sócios da companhia aérea Gol, fechou um acordo de delação premiada com a força-tarefa da operação Greenfield e acusou, em depoimento ao Ministério Público Federal em Brasília, políticos do MDB --como o ex-presidente Michel Temer, o ex-ministro Geddel Vieira Lima e o deputado cassado Eduardo Cunha--, segundo documentos tornados públicos nesta segunda-feira.
Na delação, o empresário disse que houve pagamentos de propina em troca da liberação de financiamentos da Caixa Econômica Federal para suas empresas.
Henrique Constantino relatou, em depoimento feito no dia 25 de fevereiro a procuradores da República, que participou de uma reunião com o então vice-presidente da República Michel Temer, em 2012, na qual houve a solicitação de 10 milhões de reais em troca da atuação dos emedebistas em favor dos financiamentos pleiteados pelo seu grupo empresarial na Caixa.
Segundo o empresário, o repasse de 10 milhões de reais foi efetuado por meio de pagamentos para a campanha a prefeito de São Paulo de Gabriel Chalita, à época filiado ao MDB, por meio de empresas indicados pelo doleiro Lúcio Funaro.
Temer está preso preventivamente desde a semana passada após o Tribunal Regional Federal da 2ª Região ter revertido decisão anterior que permitia o ex-presidente responder em liberdade a investigações sobre corrupção na Eletronuclear, uma apuração que é desdobramento da operação Lava Jato no Rio de Janeiro.
Parte dos termos da delação foi tornada pública nesta segunda-feira por decisão do juiz Vallisney de Souza Oliveira, da 10ª Vara Federal.
'Considerando que ainda está em curso o prazo para respostas à acusação e a juntada pelo MPF dos termos de colaboração firmados com o denunciado Henrique Constantino no que diz respeito aos fatos objeto deste processo, levanto o sigilo da decisão homologatória do referido acordo, com obstrução do teor que não corresponde a este processo', disse o magistrado.
Em nota, a defesa de Temer disse ter se surpreendido com a divulgação da delação e do depoimento, ao qual disse considerar 'estranha' na véspera do julgamento do Superior Tribunal de Justiça que poderá colocar o ex-presidente em liberdade. Disse que fica 'evidente o propósito de constranger os ministros'.
'Ao que se noticia, parte do relato feito pelo novo delator premiado estaria fundada na palavra de outro delator, que nunca esteve com Michel Temer, e cuja credibilidade é nenhuma', disse a nota do advogado Eduardo Carnelós.
'De qualquer forma, desde já Michel Temer reitera que nunca cometeu crimes de nenhuma natureza, e repele essa prática odiosa que se usa para persegui-lo judicialmente, sempre com base em delações de quem se beneficia com os relatos mentirosos que faz, os quais são vazados propositalmente para prejudicar Temer', completou a nota.
Para Carnelós, é preciso 'dar um basta a tantos e tão ousados abusos, perpetrados por aqueles que têm o dever de zelar pelo cumprimento da lei, mas ao contrário disso, a violam'.
Escrito por Reuters
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