Taxas de juros futuros recuam com otimismo sobre tramitação do pacote fiscal no Congresso e ajuste antes do Copom
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SÃO PAULO (Reuters) - As taxas dos DIs (Depósitos Interfinanceiros) recuaram nesta terça-feira, com algumas taxas de contratos mais longos caindo mais de 40 pontos-base, conforme o mercado mostrava maior otimismo com a possibilidade de o pacote fiscal do governo ser aprovado no Congresso ainda neste ano.
Analistas também citaram ajustes de posição, após altas firmes em sessões recentes, com o mercado à espera da decisão do Copom na quarta-feira.
No fim da tarde a taxa do DI para janeiro de 2026 estava em 14,375%, ante 14,543% no ajuste anterior. Já a taxa do contrato para janeiro de 2027 marcava 14,68%, ante o ajuste anterior de 14,984%.
Entre os contratos mais longos, a taxa para janeiro de 2031 estava em 13,97%, em baixa de 41 pontos-base ante 14,387% do ajuste anterior, e o contrato para janeiro de 2033 tinha taxa de 13,75%, com queda de 43 pontos ante 14,181% na véspera.
Investidores reagiram bem à indicação do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, na noite de segunda-feira de que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva teria encaminhando uma solução aos líderes do Congresso sobre o impasse do pagamento de emendas parlamentares, o que destravaria a tramitação das medidas.
As taxas futuras subiram de forma acentuada na sessão anterior em meio aos receios de a votação do pacote ficar para 2025 após decisão do ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), de rejeitar um recurso apresentado pela Advocacia-Geral da União (AGU) para revisar as regras que definiu para liberar o repasse das emendas.
'Não temos notícias muito relevantes. Fechamos a semana passada bastante preocupados com os indicadores, mas estamos agora observando que o governo tem se movimentado para aprovar com urgência o pacote fiscal no Congresso', disse Lucélia Freitas, especialista de câmbio da Manchester Investimentos.
As notícias sobre o estado de saúde do presidente Lula, que passou por uma cirurgia no crânio para drenar um hematoma, o que o afastará do trabalho por alguns dias, não parecia abalar o humor dos mercados, enquanto membros do governo buscavam garantir que a situação não adie a tramitação do pacote.
Na frente de dados, investidores analisaram novos dados para a inflação ao consumidor no país. O IBGE informou que o IPCA desacelerou para uma alta de 0,39% em novembro, ante 0,56% no mês anterior, em resultado praticamente em linha com o esperado, o que Freitas classificou como um 'alívio'.
Em 12 meses, no entanto, o índice marcou alta de 4,87%, de 4,76% em outubro, distanciando-se ainda mais do teto da meta de inflação perseguida pelo Banco Central -- com centro de 3% e uma margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo.
O resultado levava operadores a consolidarem as apostas na aceleração do aperto monetário pelo Copom na quarta-feira, após o fechamentos dos mercados.
As apostas mostravam 71% de chance de uma alta 1 ponto percentual na Selic, atualmente em 11,25% ao ano, na quarta, contra 29% de probabilidade de um aumento de 0,75 ponto.
Ambos os movimentos representariam uma nova aceleração no ritmo de aperto, após o Copom elevar a taxa básica de juros em 0,5 ponto, em novembro, e em 0,25 ponto, em setembro.
Também estará no radar dos investidores na quarta-feira a divulgação de dados de inflação dos Estados Unidos, que podem influenciar a decisão de política monetária do Federal Reserve na próxima semana.
'Nosso mercado sempre reflete os dados dos EUA. O mundo todo olha para esses indicadores... Quando aqui está uma incerteza muito grande, há fuga (de capital) para lá. Então precisamos continuar olhando para lá e fazendo a tarefa de casa aqui', apontou Freitas.
Os rendimentos dos Treasuries subiam nesta terça, com o rendimento do Treasury de dez anos -- referência global para decisões de investimento -- subindo 3 pontos-base, a 4,226%.
(Por Fernando Cardoso)
Escrito por Reuters
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