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Taxas dos DIs cedem após IPCA-15 abaixo da expectativa disparar redução de prêmios

Placeholder - loading - Notas de 200 reais 02/09/2020. REUTERS/Adriano Machado
Notas de 200 reais 02/09/2020. REUTERS/Adriano Machado
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Por Fabricio de Castro

SÃO PAULO (Reuters) - As taxas dos DIs fecharam em baixa nesta quinta-feira, de mais de 10 pontos-base em alguns vencimentos, com dados melhores que o esperado do IPCA-15 servindo de gatilho para retirada de prêmios na curva a termo, após a pressão de alta dos últimos dias trazida pelo programa de estímulo ao empréstimo consignado para trabalhadores do setor privado lançado pelo governo.

No fim da tarde a taxa do DI (Depósito Interfinanceiro) para janeiro de 2026 -- um dos mais líquidos no curto prazo -- estava em 15,055%, ante o ajuste de 15,153% da sessão anterior, enquanto a taxa para janeiro de 2027 marcava 14,98%, em baixa de 15 pontos-base ante o ajuste de 15,132%.

Entre os contratos mais longos, a taxa para janeiro de 2031 estava em 14,93%, ante 14,968% do ajuste anterior, e o contrato para janeiro de 2033 tinha taxa de 14,94%, ante 14,947%.

No início do dia o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que o IPCA-15, considerado uma prévia do índice oficial de inflação, subiu 0,64% em março, após alta de 1,23% em fevereiro. Além de desacelerar, o indicador ficou abaixo da expectativa em pesquisa da Reuters com economistas, de alta mensal de 0,70%. Nos 12 meses até março, o IPCA-15 avançou 5,26%, um pouco abaixo da projeção de 5,30%.

A abertura do índice também mostrou alguns dados favoráveis. A média dos núcleos de inflação ficou em 0,47% em março, conforme cálculo do banco Bmg, ante expectativa de 0,52% da instituição. Já o índice de difusão foi de 61,0% em março, abaixo dos 65,1% de fevereiro.

Os núcleos são medidas de inflação que excluem itens mais voláteis, enquanto o índice de difusão revela o percentual de produtos que subiram de preço no período.

Essas métricas mais favoráveis foram o gatilho, de acordo com o economista-chefe do Bmg, Flavio Serrano, para a redução de prêmios na curva brasileira.

“O fato de os núcleos terem ficado abaixo do esperado é positivo, pois aponta para eventual desaceleração da dinâmica de inflação no curto prazo. Mas em serviços, em especial, vemos alguma resiliência da inflação -- 0,67% (de elevação para os serviços subjacentes) ainda é uma taxa alta”, disse.

“O IPCA-15 foi o gatilho (para a queda das taxas dos DIs), mas a intensidade do movimento hoje se deve um pouco ao que aconteceu nos últimos dias”, acrescentou.

Nas sessões mais recentes, os receios de que o novo programa de estímulo ao crédito consignado para os trabalhadores formais do setor privado possa estimular a economia, trazendo pressão adicional à inflação, impulsionou as taxas. Por trás do movimento está a visão de que, enquanto o Banco Central eleva a Selic para segurar os preços por um lado, o governo atua no sentido contrário.

Nesta quinta-feira, porém, investidores reduziram prêmios na curva, em meio a dúvidas sobre qual será de fato o impacto do consignado privado sobre o consumo.

Uma estimativa do setor bancário, citada pelo governo no lançamento do programa, é de que 19 milhões de empregados celetistas optem pela consignação dos salários em até quatro anos com o programa, o que pode representar mais de R$120 bilhões em empréstimos contratados, contra estoque atual de R$40 bilhões. Em relatório recente a clientes, o UBS cita a cifra de R$100 bilhões.

Ainda que as cifras chamem atenção, elas não significam que 100% dos recursos serão injetados no sistema, porque é de se esperar que parte das pessoas endividadas façam apenas uma rotação de crédito, trocando uma dívida mais cara pelo consignado, cujo pagamento é descontado em folha.

Durante apresentação do Relatório de Política Monetária nesta quinta-feira, o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, afirmou que ainda é preciso “entender melhor” o impacto do consignado privado. Segundo ele, a instituição ainda não incorporou em seus cenários estes impactos.

Ao mesmo tempo, Galípolo afirmou que as linhas do consignado podem responder melhor aos movimentos da taxa Selic, o que não se observa hoje em linhas mais caras, como o rotativo do cartão de crédito.

Por este raciocínio, o aumento do crédito consignado poderia até mesmo ser positivo para a política monetária sob o ponto de vista de efetividade da Selic.

Após a divulgação do Relatório de Política Monetária -- que substituiu o antigo Relatório de Inflação --, autoridades do BC disseram ainda que querem ter liberdade para decidir como conduzir a política de juros à frente, inclusive sem indicar o nível de desaceleração do aperto monetário em maio. Ao mesmo tempo, ressaltaram a necessidade de um ciclo de aperto mais intenso e mais longo em função das expectativas de inflação fora da meta.

“Entendemos que o ciclo (de altas da Selic) precisa se estender, mas, devido às incertezas, em menor magnitude. A gente consegue informar um horizonte só até a próxima reunião sobre o que estamos pretendendo fazer, preservar esse grau de liberdade”, disse Galípolo.

Neste contexto, as apostas do mercado sobre o futuro da Selic, hoje em 14,25%, seguem divididas, embora estejam crescendo nos últimos dias a precificação de um aperto monetário de 75 pontos-base em maio.

Na quarta-feira -- portanto, antes do relatório -- o mercado de opções de Copom da B3 precificava 60,50% de probabilidade de alta de 50 pontos-base da Selic em maio (ante 66,00% na véspera) e 24,50% de chances de elevação de 75 pontos-base (20,50% na véspera), contra apenas 6,00% de probabilidade de alta de 25 pontos-base (7,00% na véspera).

Para a decisão seguinte, de junho, as apostas são de 32,90% de chances de alta de 25 pontos-base, 32,90% de possibilidade de alta de 50 pontos-base e 26,12% de chances de manutenção.

O recuo das taxas dos DIs no Brasil nesta quinta-feira ocorreu na contramão do exterior, onde os rendimentos dos Treasuries avançavam após o governo dos EUA impor novas tarifas para a importação de veículos. Às 16h32 o rendimento do Treasury de dez anos -- referência global para decisões de investimento -- subia 3 pontos-base, a 4,371%.

Escrito por Reuters

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